Com a ampla adesão de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) no mundo corporativo, uma parte dos desenvolvedores será substituída – todavia, não a totalidade. A tese é do presidente da Accenture no Brasil, Rodolfo Eschenbach.

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Ao Dinheiro Entrevista, o executivo da Accenture avalia que o ofício deve perder relevância ao longo dos próximos anos e que os desenvolvedores e profissionais do ramo devem mudar como trabalham, focando em um perfil mais ‘funcional’.

“Para mão de obra, teremos dois grandes shifts. O desenvolvedor, que era peça-chave nos últimos anos, começa a ser menos relevante, porque ele vai ser substituído por IAs. Mas a pessoa funcional, que entende do processo, que entende das intervenções que precisam ser feitas, que entende das soluções de indústria, dos parâmetros, ele ganha uma relevância bastante importante nesses novos processos”, analisa.

Segundo Rodolfo Eschenbach, o desenvolvedor ‘tem que saber falar e desenhar, especificar IA’.

“A gente não acha que 100% dos desenvolvedores vão ser substituídos, mas como a gente falou, se eu consigo ganhar 40% do tempo, eu tenho uma produtividade grande. O próprio desenvolvedor vai ter que se atualizar e começar a saber desenvolver outras coisas em outras linguagens, outros conhecimentos e fazer o reskilling dele mesmo.”

O que é a Accenture

A companhia, com sede nos EUA, é uma das maiores empresas de consultoria em gestão e tecnologia do mundo. A empresa tem presença em mais de 120 países, fatura mais de US$ 65 bilhões por ano e emprega cerca de 740 mil pessoas.

Inicialmente a empresa nasceu como um braço da Arthur Andersen na década de 1950, empresa de auditoria e contabilidade membro das chamadas big five – hoje são big four (KPMG, Deloitte, PwC e Ernst & Young) dado que a Arthur Andersen encerrou suas operações no início dos anos 2000 após protagonizar o escândalo da Enron.

Ainda dentro da Arthur Andersen, a empresa era simplesmente uma divisão de Administrative Services, voltada para consultoria de negócios. Essa braço da companhia chegou a ser contratado pela General Electric para instalar o primeiro computador comercial nos Estados Unidos, o UNIVAC I, projeto que foi um divisor de águas.

Essa divisão de negócios cresceu muito rápido e com boas margens, se tornou Andersen Consulting, e depois, no início dos anos 2000 se tornou uma empresa desvinculada da Arthur Andersen, e com isso trocou o nome.

A empresa então passou a se chamar Accenture, em referência a expressão Accent on the Future, que significa ênfase no futuro. A sugestão foi de um funcionário da Noruega.