21/11/2007 - 8:00
As portas do elevador se abrem e o desfile começa. São 130 mulheres caminhando de sala em sala, de um corredor para o outro, subindo e descendo degraus. Mas atenção! Elas não descem do salto. Não estamos falando do São Paulo Fashion Week ou de outro evento do calendário de moda brasileira. O vai-e-vem das ?modelos? se passa nos corredores da consultoria PricewaterhouseCoopers. A empresa contratou a estilista Marie Toscano, famosa por desenhar os modelitos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, para criar os uniformes das secretárias dos executivos de alto escalão da companhia. ?Investir no visual do funcionário é o mesmo que investir no cartão de visita da empresa?, afirma Selma Munhoz, supervisora de recursos humanos da Pricewaterhouse- Coopers. Foram criados 25 modelos para cada funcionária, um total de 3,25 mil peças, que incluem saias, ternos femininos, vestidos, camisas, sapatos, acessórios e muito mais. ?Quebrei a imagem formal do uniforme, os modelos podem ser usados em diversas ocasiões do dia-a-dia?, explica Marie Toscano. Esse é um movimento que tem conquistado cada vez mais adeptos no universo corporativo. Empresas como Sofitel, Heineken, TAM, McDonald?s e outras gigantes estão convocando estilistas para repaginar as roupas de seus funcionários para ganharem ares mais sofisticados. A moda criada para as empresas vem se tornando cada vez mais importante nos ateliês dos estilistas. Além de ter trabalhado com a Price, Marie Toscano também desenhou os dez mil uniformes da companhia aérea TAM. Empolgada com o mercado, ela criou uma divisão de design corporativo, na qual são criados novos projetos cujos preços variam entre R$ 40 mil e R$ 120 mil. ?Recebo em torno de quatro convites por mês, é um negócio lucrativo para o mercado da moda?, diz Marie. O renomado estilista Mário Queiroz assina embaixo. Depois de criar os uniformes para o restaurante P. Verger, localizado no hotel Sofitel São Paulo, ele desenvolveu os trajes dos 320 funcionários do Hotel Sofitel Jequitimar Guarujá, no litoral paulista. ?A moda é uma forte aliada do mundo corporativo?, destaca o estilista. O cliente aplaude. ?Os uniformes criados pelo Mário Queiroz fizeram muito sucesso com os hóspedes?, diz Mariângela Klein, gerente de marketing da marca Sofitel para a América do Sul. Detalhe: a empresa investiu apenas US$ 15 mil.
Enquanto no Brasil esse mercado ainda é embrionário, no Exterior ele caminha, quer dizer, desfila a passos largos. O McDonald?s, por exemplo, chegou a cotar o nome do italiano Giorgio Armani para a criação de novos uniformes. O mesmo fez a companhia aérea Air-India que contou com o trabalho de Pierre Cardin para repaginar o guarda-roupa de seus colaboradores. ?Para o consumidor, essas ações diferenciam a imagem da empresa?, analisa Miriam Levimbook, professora do curso de negócios de moda da Universidade Anhembi Morumbi. ?Proporcionam sofisticação à marca.? É exatamente o que a cervejaria Heineken foi buscar ao se unir à estilista Juliana Jabour. A campanha de novos uniformes da marca, restrita somente aos promotores, resultou em 40 peças. ?Essa ação aproximou a nossa marca do público?, declara Herbert Gris, gerente de marketing da Heineken no Brasil. ?Tive a oportunidade de criar para produtos e públicos que não estão diretamente ligados à moda?, reforça Juliana Jabour. Eis uma moda que veio para ficar.