A australiana Qantas revolucionará os céus com a pintura de um de seus Boeings 737-800. Do nariz à cauda, a fuselagem foi desenhada com os traços coloridos de um conhecido artista indígena do deserto ocidental da Austrália, Rene Kulitja. A aeronave foi batizada de ?Yananyi Dreaming?, ou viajante, no dialeto aborígine. ?O trabalho no Yananyi exigiu o desenvolvimento de um novo processo?, diz Larry St. Laurent, gerente de pintura decorativa da Boeing. ?Nossas linhas de montagem são muito enxutas e geralmente pintamos qualquer avião em apenas dois ou três dias. O modelo da Qantas levou o dobro do tempo.? A decisão estética tem um objetivo muito nítido, o marketing, mas toca num tabu. As companhias de aviação sempre tiveram pudor em imprimir matizes alegres em seus jatos.

A United Airlines, a pioneira, chegou a colorir suas aeronaves ? mas voltou atrás com o passar dos anos. É comum o uso de imagens carnavalescas durante períodos curtos ? como ocorre com a Bangkok Airlines, da Tailândia, que imprimiu árvores e peixes para divulgar o turismo ecológico no Sudeste asiático. No Brasil, a Varig e a TAM também tingiram aeronaves, para celebrar o pentacampeonato brasileiro na Copa de 2002 ou o aniversário da empresa de Rolim Amaro. Mas nunca adotaram desenhos definitivos, como agora faz a Qantas em uma de suas linhas.

Cabe, portanto, uma questão: por que os aviões têm cores sóbrias, que vão do branco ao prateado? Trata-se de um recurso quase psicológico. Isso porque tons vivos, animados em demasia, dão a sensação de brincadeira ? e não de segurança. A aposta da Qantas, nesse aspecto, vai às nuvens com um aval respeitoso: a empresa é considerada a mais segura do mundo, com raros acidentes e manutenção técnica copiada por outras companhias.