24/02/2005 - 7:00
O design brasileiro deixou a adolescência. Nos últimos quatro anos, o País ganhou mais de 40 prêmios internacionais. Reverencia-se a bela estética de um time de criadores afeitos a recriar o antropofagismo de Oswald de Andrade. Trata-se de tudo engolir para produzir algo novo, brasileiro e universal. Um dos campeões é o Estúdio Índio da Costa, do Rio, espécie de vitrine de inovações. Há algo que o torna especial: seus produtos estão deixando o campo dos sonhos para ingressar nas linhas de montagem de grandes indústrias. É o caso do ventilador Spirit, feito em policarbonato, material reciclável adaptado às exigências do controle ecológico. Vendido a R$ 180 no Brasil, a peça faz sucesso. Dos bons ventos do Spirit nasceu uma empresa. Com investimento inicial de R$ 1 milhão, em três anos já conta 500 mil unidades vendidas, no Brasil e no exterior, e faturamento de R$ 50 milhões. ?O design não se limita à estética?, diz Augusto Índio da Costa, sócio do escritório. ?Há requisitos ainda mais fundamentais, como a inovação tecnológica e a funcionalidade.?
É, sem dúvida, a trilha para ótimos negócios. O Spirit já tem um filhote, recentemente laureado com o reputado IF Design Award, da Alemanha. É um controle remoto de linha clean e definitivamente intuitivo. Um grande botão gira para esquerda e para direita para controlar a velocidade. Um outro, central, acende e apaga a luz. Tem o jeitão de um iPod ou, em outros termos, a solução tecnológica de mãos dadas com o prazer de ver e tocar. É funcional, é um grande avanço. Para alcançá-lo, porém, os craques do design passeiam antes por devaneios ? e é isso, a rigor, que move essa atividade. Eles estão na banheira Smarthydro. Patenteada pela I-House, de São Paulo, ela fala com o proprietário (que aciona voz feminina ou masculina). Conforme as ordens que recebe, prepara, sozinha, um banho personalizado: calcula o volume de água, põe espuma e essência, regula a temperatura e programa o tempo de hidromassagem. O design de Índio da Costa quer dar banho.