Os desinfetantes são substâncias com propriedades químicas capazes de destruir microrganismos de superfícies. Infelizmente, o uso desses produtos pode fornecer danos ao ambiente por meio da formação de subprodutos perigosos. Assim, em recente estudo disponível no Proceedings of the National Academy of Sciences, produziram um desinfetante de serragem como uma alternativa mais sustentável.

Vale ressaltar que a desinfecção de superfícies é um importante recursos para prevenir a transmissão de microrganismo no ambiente humano, principalmente em condições pandêmicas.

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Como surgiu o desinfetante de serragem?

Primeiramente, os prejuízos causados pelos produtos químicos justificaram a criação de desinfetantes mais verdes. A poluição dos rios e o comprometimento dos ecossistemas são exemplos dos impactos gerados no ambiente. Em segundo lugar, geralmente, as mercadorias mais ecológicas usam o composto fenol, que é bem caro e fruto de grandes gastos de energia.

 

Tendo isso em vista os pesquisadores estudaram novas possibilidades para o criação dos produtos de desinfecção. Durante o processo, eles perceberam que as estruturas fenólicas, usadas nos desinfetantes mais sustentáveis, aparecem na madeira. E frequentemente esses compostos estão nas paredes das células vegetais.

Por isso, os autores do artigo resolveram investigar se resíduos de serragem poderiam fornecer fenol e produzir um desinfetante mais verde. O procedimento consistiu numa liquefação hidrotermal, isto é, transformação de biomassa (matéria orgânica vegetal/animal capazes de produzir energia) em óleo bruto.

 

Os cientistas juntaram serragem e água e cozinharam essa mistura por uma hora em alta pressão. Após a produção do desinfetante, eles testaram as habilidades desinfetantes do produto.

Quais foram os resultados da pesquisa?

Graças à análise química, a “sopa” de serragem continha altas concentrações de compostos semelhantes ao fenol. Ou seja, as estruturas responsáveis pela ação antimicrobiana estavam no desinfetante de serragem.

 

Mas os resultados foram ainda mais promissores nos índices de inativação de microrganismos. Segundo os resultados, o desinfetante eliminou 99,99% dos vírus H1N1 (gripe suína), H5N1 (gripe aviária) e H7N9 (subtipo da gripe aviária).

Os testes também identificaram a inativação de esporos, forma latente das bactérias, da Bacillus subtilis var . niger na mesma proporção anterior. Além disso, inativou 99,49% de Bacillus anthracis (causadora da Antraz ou Carbúnculo).

 

Em seguida, eles também testaram a eficácia na morte de Staphylococcus epidermis , uma bactéria da pele que pode causar infecções em pessoas imunocomprometidas, e Escherichia coli , um micróbio intestinal que pode causar doenças transmitidas por alimentos.

 

Por fim, eles identificaram um custo de quase US$ 0,045 (aproximadamente R$0,25) por quilo do desinfetante de serragem, um valor bem inferior aos demais disponíveis no mercado.

 

Em resumo, o estudo demonstrou o potencial antimicrobiano de um derivado líquido de biomassa, bem como vantagens do seu uso para a sustentabilidade ambiental.