O peixe tropical “Diretmichthys parini” (“Parin’s spinyfin”, em inglês, e “malcarado de Parin”, em espanhol), da família Diretmidae, que vive em águas profundas, foi detectado perto do Polo Ártico, um fenômeno que pode estar ligado à mudança climática – informou um órgão marítimo francês nesta quinta-feira (16).

Este peixe vive em profundidades entre 500 metros e 2.000 metros e se alimenta de plâncton. Veículos científicos dos países nórdicos mencionavam sua presença desde meados da década de 1990, mas o fenômeno parece ter-se acelerado nos últimos anos, afirma Pierre Cresson, do Instituto Francês de Pesquisa de Exploração Marítima (Ifremer, na sigla em francês).

+Cientistas veem com cautela vínculo entre tornados e mudanças climáticas

A última detecção foi feita em outubro passado, quando a imprensa norueguesa noticiou a captura de dois espécimes em águas no limite do Círculo Polar, relatou o pesquisador em uma mensagem de vídeo divulgada pelo Ifremer.

“Parece que esse peixe continua subindo, com o aquecimento da água”, acrescentou.

“Essa espécie é rara e pouco conhecida”, disse o Ifreme em um comunicado à imprensa.

Embora seu habitat natural sejam águas quentes, ele é capaz de navegar em águas mornas para se alimentar. Para fazer isso, ele sobe à superfície para se alimentar de plâncton.

O “Diretmichthys parini” mede cerca de 40 cm e pode viver dezenas de anos.

“É parecido com o celacanto, um peixe de águas profundas, de crescimento lento, o que pode torná-lo vulnerável”, advertiu Cresson.

Sua raridade permitiu-lhe que escapasse, até então, da pesca em massa, “o que explica por que não consta das listas de espécies ameaçadas da UICN (União Internacional para Conservação da Natureza)”, completou o especialista.