O Dia da Cachaça é comemorado nacionalmente nesta segunda-feira (13), mas o mercado do setor não tem tantos motivos para comemorar. Segundo o Euromonitor International, líder global em pesquisa de mercado, houve um redução de 23,8% do mercado de cachaça no Brasil em 2020 em relação ao ano anterior.

Para o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima, a pandemia causada pelo novo coronavírus foi um dos principais fatores que explicam essa queda no consumo.

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“A Covid trouxe muita dificuldade para a economia e, com fechamento de bares e restaurantes, que representam 70% do mercado de cachaça, isso foi agravado”, afirmou Lima, que acredita em uma retomada lenta do setor a partir de 2021.

Segundo o Ibrac, o mercado da cachaça brasileira em 2020 foi de 399 milhões de litros, o que representa 72% do mercado brasileiro de destilados.

A bebida, responsável por gerar mais de 600 mil empregos diretos e indiretos, é exportada para 77 países e gera lucro anual de U$ 15,6 milhões. Segundo o Ministério da Economia, os países que mais importam cachaça brasileira são: Paraguai (26,12%), Alemanha (19,79%) e França (12,50%).

Em contraste, a pesquisa “A Cachaça no Brasil”, divulgada neste ano pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), constata que houve aumento de 4,14% no registro de estabelecimentos produtores de cachaça em 2020. No total, foram registrados 1.131 produtores contra 1.086 produtores em 2019.

Ainda de acordo com o Mapa, havia 5.523 marcas de cachaça no Brasil em 2020, contra 4.705 em 2019. Outro ponto importante da pesquisa é a localização geográfica dos produtores, com liderança disparada do estado de Minas Gerais – 397 produtores contra 128 de São Paulo, em segundo lugar.

“Há 586 municípios brasileiros com estabelecimentos registrados para produção de cachaça, o que representa 10,5% do total de municípios, aumento de 4,8% em relação a 2019”, indica o relatório.

Entre os municípios, a mineira Salinas lidera com 23 estabelecimentos produtores de cachaça, seguido por São Roque do Canaã (ES) com 10 e Alto Rio Doce (MG) e Areia (PB), ambos com 9.

“68% dos estabelecimentos possuem até 4 marcas de cachaça registradas, sendo que o maior número de marcas por um estabelecimento foi de 159”, pontua o estudo.

Informalidade
O último dado do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta para um dado alarmante: 89% dos produtores de cachaça são informais – sem registro no Ministério.

Para Carlos Lima, o número segue atualizado e é motivo de preocupação.

“A informalidade é resultado de vários fatores. 1: falta de fiscalização eficiente. 2: falta de informação ao produtor de cachaça. 3: falta de penalidades mais rígidas à produção ilegal. 4: ambiente tributário que reduza a informalidade”, disse. “O setor da cachaça é o mais tributado do Brasil”.

Dados da Euromonitor Internacional registraram que 28,8% (113 milhões de litros) do volume de cachaça comercializado no Brasil era ilegal em 2017. Já o estudo “Álcool Ilícito da América Latina – Modelo de impacto da Covid-19” estima que a pandemia possa ter aumentado em 10% a informalidade do setor.