01/05/2018 - 15:28
Cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, fizeram o maior ato em defesa da liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava Jato, desde que ele foi encarcerado na sede da Polícia Federal, em Curitiba – há 24 dias. Sindicalistas, petistas, integrantes do MST e apoiadores e simpatizantes lotaram as ruas do acesso principal da polícia desde a manhã desta terça-feira, 1.
Desde a tarde de ontem, 37 ônibus com sindicalistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do interior do Paraná chegaram em Curitiba para o primeiro ato unificado das sete maiores centrais sindicais no Dia do Trabalho – CUT, Força Sindical, CTB, NCST, UGT, CSB e Intersindical.
Logo cedo, um dos sindicalistas que viajou para Curitiba caminhou até a sede da PF, onde um grupo de menos de 100 pessoas ainda permanece acampado, a cerca de um quilômetro do prédio onde Lula está preso, em vigília. Todos os dias, o grupo se concentra em uma encruzilhada de acesso ao portão principal da polícia, onde fica montada toda estrutura operacional do acampamento (como ponto de donativos, setor de comunicação, organização etc). É nesse ponto em que são feitos os atos, os discursos e os tradicionais gritos de saudação matinais: “Bom dia, presidente Lula” – hoje repetido sete vezes em coro e megafones.
Com o ato de 1.º de Maio, foram pelo menos quatro “Bom dias” ao presidente, muitos discursos de políticos que passaram pelo local, um ato ecumênico, cantorias, gritos de guerra em apoio a Lula e por sua liberdade e muitos xingamentos ao juiz federal Sérgio Moro, titular da Lava Jato, à juíza Carolina Moura Lebbos, responsável pela execução da pena do ex-presidente, aos procuradores e “à mídia golpista”.
O ex-governador da Bahia, amigo e um dos possíveis nomes de plano B do PT para substituir Lula na corrida eleitoral ao Planalto, passou pelo local, onde discursou. “Não temos plano B, nem C, X, Y ou Z. Nosso plano é Lula livre, Lula candidato e Lula presidente”, repetiu Wagner, aos manifestantes.
Wagner enalteceu os “40 milhões de pessoas” que Lula tirou da extrema pobreza e falou do momento único do ato. “Nós veremos um movimento como nunca tenhamos visto. Esse 1.º de Maio tem a cara daquele que levantou a classe operária à partir das greves do ABC.”
Passaram ainda pelo ato o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, outro nome cotado para ser o candidato do PT na disputa presidencial, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e outros políticos. O ato que conta com a participação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo foi organizado para ser o maior evento do Dia do Trabalho. Durante a semana os organizadores falaram em reunir 25 mil pessoas na capital paranaense.
Para Haddad, Lula seria eleito se pudesse disputar o cargo de presidente. Mesmo inelegível pela Lei da Ficha Limpa, ele pode registrar sua candidatura até 15 de agosto. “Por que privar o trabalhador do direito de escolher? Se as pessoas tivessem direito, elas votariam no Lula presidente”, discursou.
Os dois falaram em ato do Dia do Trabalho em Curitiba, em frente ao prédio da Polícia Federal, onde Lula está preso desde o dia 7 de abril. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o presidente do diretório do PT no Paraná, Dr. Rosinha, também participam da manifestação.
Na pesquisa Datafolha mais recente, de 15 de abril, Wagner teve 1% das intenções de voto no 1º turno. Outra alternativa petista, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad alcançou 2%. O ex-presidente Lula continuava na frente com até 31% das intenções de voto.
Por volta das 12h, o grupo se dispersou e seguiu – parte de ônibus, parte em caminhada – até a Praça Santos Andrade, na região central de Curitiba, onde ocorre nesta tarde o evento do Dia do Trabalho. O primeiro ato unificado dos sindicatos, tem como bandeira a “Defesa dos Direitos e por Lula Livre”.