23/05/2022 - 8:53
Fora dos fóruns ambientais, a data não costuma ser muito lembrada. Mas o 22 de maio marcou o Dia Mundial da Biodiversidade. Tudo começou há exatos 30 anos quando membros da Organização das Nações Unidas aprovaram um importante documento a ser apresentado na Rio-92 — que aconteceria dali a poucas semanas no dia 3 de junho, na cidade do Rio de Janeiro. A Convenção da Diversidade Biológica nascia como um tratado internacional multilateral baseado na conservação da diversidade biológica, no seu uso sustentável e, finalmente, na distribuição justa e equitativa dos benefícios advindos do uso econômico dos seus recursos.
Três décadas se passaram e as notícias são preocupantes. De acordo com artigo publicado na Biological Reviews por pesquisadores da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, e do Muséum National d’Histoire Naturelle, na França, a Terra está vivenciando sua 6ª extinção em massa, tendo perdido cerca de 83% de todos os mamíferos selvagens e metade das plantas que já existiram no planeta. A diferença desta vez é que a causa é antrópica, ou seja, é provocada por ação dos homens que estão destruindo a natureza via derrubada, queimada e ocupação irregular de diversos biomas.
No centro dessa discussão, países que ainda têm florestas em pé. Por políticas públicas equivocadas, esses que deveriam ser reverenciados pelo mundo, estão se tornando vilões ambientais por uma miopia de crenças. Em vez de protegerem as florestas e lucrarem com elas em pé, defendem que o desenvolvimento de suas economias está diretamente relacionado à ocupação de terras virgens. Como argumento, olham para o passado e se comparam com países desenvolvidos. Esquecem-se, porém, que o mundo é outro e não dá para avaliar o passado com lentes do futuro.
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Ao se prender nessa comparação míope, o Brasil perde uma grande chance de se tornar o protagonista da economia verde. Ora, o País tem a floresta mais megadiversa do planeta e sem ela o mundo entra em colapso. Vale repetir: sem a floresta Amazônica o mundo entra em colapso e essa projeção está documentada no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC. Esse é o tamanho do poder político que o governo atual tem na mão e está desperdiçando.
Complemente isso com o poder econômico direto que a Amazônia representa. Segundo a publicação científica Nature Sustainability (2018) o mercado global de bioprodutos é avaliado em cerca de US$ 7 trilhões. Desse potencial todo, o Brasil só exporta cerca de US$ 300 milhões, com vendas de mercadorias cada vez mais cobiçadas como cacau, castanhas nativas e até café, mas sem ter a liderança mundial em nenhuma delas. O cálculo foi apresentado pelo professor da Universidade de Nova York Salo Coslovsky durante o seminário Investimento em Bioeconomia em Florestas Tropicais. Vale mais uma ressalva: hoje o PIB do Brasil é de cerca de US$ 1,5 trilhão. Agora, é só fazer as contas.