O governo federal iniciou, na segunda-feira (25), uma nova fase do programa Desenrola Brasil. Nesta etapa, será realizado um leilão de descontos, no qual credores inscritos no programa podem informar o valor que estão dispostos a oferecer como desconto para quem deseja renegociar dívidas.

Segundo o planejamento do programa Desenrola, as empresas que oferecerem os maiores descontos terão garantia do crédito. O governo federal espera uma média de até 58% para o desconto mínimo da dívida.

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Os leilões serão realizados por meio de lotes, de forma a agrupar dívidas de perfis semelhantes. Por exemplo, dívidas relacionadas ao setor de atuação da empresa (como água, energia e telefone), valor das dívidas, tempo de negativação, etc.

Na segunda etapa, prevista para começar a partir da próxima semana, os consumidores com dívidas de até R$ 5 mil poderão verificar se seus débitos foram inscritos no programa e qual foi o desconto oferecido pelo credor.

Segundo o Ministério da Fazenda, poderão ser negociados quase R$ 79 bilhões, o que beneficiaria mais de 30 milhões de pessoas. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que, desde que o Desenrola entrou em vigor, já foram renegociados mais de 2 milhões de contratos em atraso. O número corresponde a cerca de 1,6 milhão de clientes. Ainda de acordo com a entidade, mais de 6 milhões de registros foram retirados de anotações negativas pelas instituições financeiras.

“O Programa Desenrola é um instrumento bastante relevante de renegociação de dívidas, atendendo ao momento delicado das finanças das famílias brasileiras, ao procurar reduzir dívidas da maior quantidade possível de pessoas”, avaliou o presidente da Febraban, Isaac Sidney.

Nestas primeiras etapas, o objetivo do Desenrola é renegociar dívidas do público da faixa 1, composta por quem tem renda de até R$ 2.640 (dois salários mínimos) ou está inscrito no Cadastro Único do governo federal (CadÚnico) e tem dívidas de até R$ 5 mil negativadas até 31 de dezembro de 2022.

Podem ser renegociadas dívidas bancárias e não bancárias, como contas de consumo (luz, água e telefone). Os consumidores que renegociarem suas dívidas poderão ter descontos consideráveis na dívida, além de poder pagar o débito em até 60 meses, com juro máximo de até 1,99% ao mês.

Dicas para renegociar dívidas

A IstoÉ Dinheiro conversou com dois especialistas financeiros para coletar dicas acerca das renegociações. Como, por exemplo, saber se o desconto ou a oferta realizada pelo credor vale a pena? Confira, a seguir, 6 dicas para renegociar dívidas e não cair em ciladas.

Para a professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera, Valéria Vanessa Eduardo, é necessário que o cliente compreenda o motivo de suas compras para que não esteja vulnerável a fazer novas dívidas. Além disso, a especialista indica o equilíbrio financeiro, por meio do controle de gastos, como forma de se prevenir do pagamento de juros.

  1. Relacione todas as dívidas
    – Relacione todas as suas dívidas e entre em contato com com cada um dos credores para negociar os pagamentos diretamente;
  2. Busque feirões de desconto com 90%
    – Procure por feirões que ofereçam descontos de até 99% dos débitos. Hoje, existem vários eventos e modalidades do tipo. Para a especialista, os feirões representam ótima oportunidade de renegociação;
  3. Utilize o 13º salário para amortizar pendências
    – Utilizar o 13º salário para a amortização das dívidas significa que o consumidor não está comprometendo seu orçamento mensal para o pagamento da dívida, o que significa espaço na renda para obter controle de gastos;
  4. Só feche acordos compatíveis com seu orçamento
    – É crucial, na avaliação da professora, que o endividado só feche acordos se as condições forem compatíveis com sua realidade financeira. Ou seja, se couber no seu orçamento;
  5. Não quebre o contrato de renegociação
    – Quebrar o contrato de débito pode levar à perda dos descontos oferecidos, cancelamento da renegociação e retomada de juros;
  6. Evite novas dívidas
    – Autoconhecimento e controle do orçamento financeiro para evitar novas dívidas, principalmente àquelas ligadas ao consumo emocional.

“Evitar compras compulsivas, comparações sociais, materialismo e vulnerabilidade de consumo são fatores cruciais para um melhor controle financeiro. Para equilibrar a renda, as pessoas podem destinar 50% para gastos essenciais, como aluguel, alimentação e transporte; 30% para estilo de vida, como academia e lazer; e 20% para pagamento de empréstimos ou investimentos”, indica a especialista.

‘Desenrola’ vale a pena?

É importante ressaltar que para participar do programa Desenrola é necessário ter inscrição no CadÚnico, do governo federal. Vale destacar também as dívidas que levaram o consumidor a ser negativado devem ter valor de no máximo R$ 5 mil.

Para o professor de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera, João Batista de Oliveira Bolognesi, o programa representa uma ótima oportunidade para renegociação.

“Vale muito a pena participar do Programa Desenrola Brasil, por se tratar de uma oportunidade de limpar o nome junto às Instituições como Serasa e voltar a ter acesso a créditos”, afirma.