O mercado de pagamentos no Brasil está passando por uma transformação acelerada, impulsionada pela digitalização e diversificação dos meios. Em 2023, pela primeira vez, as transações com cartões de crédito, débito e pré-pagos ultrapassaram R$ 1 trilhão em um único trimestre, representando um aumento de 13,1% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS).

Essa evolução é marcada não apenas pelo crescimento no número de transações, mas também pelo aumento significativo do valor médio das compras, que registrou um crescimento de 70,1% em comparação ao ano anterior. “Estamos testemunhando uma revolução neste sistema que, além de transformar a forma como compramos, também redefine o conceito de transação”, afirma Antônio Freixo Jr., CEO da empresa de meio de pagamentos Entrepay. Na opinião dele, a tecnologia de pagamento por aproximação “é apenas o início de uma nova Era, onde a experiência do consumidor será cada vez mais personalizada e instantânea”.

Desigualdades Regionais e Impactos da Pandemia

Apesar do avanço dos meios de pagamento digitais, a adoção dessas tecnologias ainda varia significativamente entre as regiões do Brasil. Grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro lideram o uso de novas tecnologias, enquanto áreas menos urbanizadas mostram uma penetração mais baixa desses serviços. Esta disparidade é também evidente no comércio internacional, com estados como São Paulo apresentando um volume de transações mais elevado devido ao maior acesso ao comércio global.

Durante a pandemia de COVID-19, observou-se um aumento na demanda por dinheiro em espécie, refletindo a dependência de métodos tradicionais em várias regiões. O valor do dinheiro em circulação subiu de R$ 280 bilhões em dezembro de 2019 para R$ 370 bilhões em dezembro de 2020, um aumento de 32,1%. Embora esse valor tenha diminuído para R$ 327 bilhões em novembro de 2023, ele ainda permanece acima dos níveis pré-pandemia.

“Estamos diante de um ponto de inflexão, onde a integração de tecnologias digitais e a inclusão financeira são essenciais para o desenvolvimento equilibrado do país. A pandemia acelerou essa necessidade, que pode ainda ser vista anos depois e precisa ser considerada pelas organizações”, pontua Freixo.

As regiões Norte e Nordeste do Brasil foram as mais afetadas pela maior demanda por dinheiro em espécie, devido à menor penetração de tecnologias digitais e à alta informalidade econômica. A falta de acesso a serviços bancários e a baixa conectividade contribuíram para a continuidade do uso de dinheiro físico, em contraste com regiões mais urbanizadas e digitalizadas.