Saiu a conta preliminar da lambança que a presidente Dilma promoveu no orçamento nos últimos dias para agradar deputados que possam votar contra o impeachment. Numa primeira sentada, a compra de votos parlamentares deve custar algo em torno de R$ 6,6 bilhões. Esse é o total de recursos separado, por determinação da mandatária, para emendas que os aliados de última hora venham a apresentar ou que já tenham na fila de pedidos do Estado. Não importa a necessidade de cortes no gasto público para o exercício de 2016.

Tira-se da saúde, da educação, do saneamento básico, mas a verba para atender a esses senhores é sagrada. Os escrúpulos foram para as calendas. Dilma oferece o que tem e o que não tem para angariar aventureiros – embora a maioria deles já tenha percebido o óbvio: Dilma não tem como cumprir o acertado e, provavelmente, nem deve fazê-lo dado o seu histórico de promessas falsas. O contingenciamento orçamentário vai virando assim uma peça de ficção. Mais uma, dentre as inúmeras barbeiragens administrativas praticadas em nome do seu projeto de poder que está levando o País a ruína.

O Banco Mundial alertou na semana passada que o Brasil entrou na mais séria encruzilhada financeira de sua história e que se não tomar logo as medidas necessárias poderá sofrer no futuro problemas tão dolorosos como os vividos pela Grécia. Ficou evidente aos olhos de qualquer um que este governo não reúne mais a mínima capacidade de realizar os ajustes vitais para a retomada da economia. E nem demonstra interesse nesse sentido. Ao contrário. Partiu para a anarquia fiscal pura e simplesmente. Gostou das pedaladas. Repetiu o expediente à exaustão. E agora pede sempre sacrifícios alheios.

Almeja aumentar impostos, e criar novos (como a famigerada CPMF), enquanto não oferece nada em troca. Com um estrondoso rombo nas contas primárias, da ordem de R$ 100 bilhões, Dilma lega ao Brasil o pior desempenho de um governo desde o advento da República. Não há nada parecido nos anais da história. A sua eventual permanência no cargo, por qualquer prazo daqui por diante, será precificada no mercado como o final dos tempos, um cenário pré-apocalíptico com quebradeira de empresas, desemprego em massa, fuga de capitais e recessão recorde. O Brasil não merece.

(Nota publicada na Edição 963 da Revista Dinheiro)