11/04/2012 - 21:00
Os títulos de renda fixa garantidos pelo agronegócio já se consagraram como uma alternativa rentável para o investidor mais sofisticado, com dinheiro no bolso e um razoável apetite pelo risco. Os papéis que mais têm florescido são vinculados às principais culturas, como soja, ou ainda os garantidos pela pecuária. No entanto, em breve será possível apostar também nas florestas. A securitizadora Gaia está lançando papéis garantidos pelos resultados de florestas cultivadas de eucalipto e pinheiro. O nome técnico desses títulos é Certificado de Recebíveis Agropecuários (CRA). São papéis de renda fixa cujo principal e juros são pagos pelas receitas obtidas pelo produtor rural.
“Devemos emitir os primeiros títulos ainda neste semestre, e nossa expectativa é lançar R$ 1 bilhão nesses papéis até o fim do ano”, diz Fernanda Mazzonetto, diretora-geral do Grupo Gaia. “O estoque de títulos com garantia do agronegócio é de R$ 350 milhões, ao passo que os papéis lastreados em compromissos imobiliários chegaram a R$ 258 bilhões.” Segundo a executiva, a maturação lenta dos investimentos em florestas – um eucalipto demora sete anos para atingir o ponto de corte – ajusta-se bem ao perfil desses títulos. “Nossa empresa sempre trabalhou com títulos de longo prazo, que se ajustam bem a esses ativos.”
Segundo Carlos Augusto Lopes, sócio-fundador da consultoria carioca Uqbar, esses papéis têm muito espaço para crescer. “O desenvolvimento desses títulos vem sendo tolhido porque a atividade agrícola tem juros subsidiados, mas atualmente há muitas oportunidades para os investidores”, diz Lopes. Os CRAs são promissores em um ambiente de juros em queda, especialmente por seus rendimentos serem isentos de imposto, como são os títulos imobiliários. O investidor só precisa ficar atento aos riscos do emissor, em geral uma empresa agrícola. “A melhor recomendação para quem não quiser mergulhar nos balanços é procurar uma empresa conhecida”, diz o consultor financeiro paulista Fernando Costa.