O mundo começou a assistir à guerra do milhão contra o tostão. A fantástica máquina bélica dos Estados Unidos, alimentada por um orçamento recorde de US$ 364 bilhões em 2003, está esmagando a rede militar iraquiana, escudada em uma verba anual de US$ 1,3 bilhão. O absurdo gasto americano equivale a mais de 70%
do PIB brasileiro de 2001, que chegou aos US$ 510 bilhões.

Esse investimento monstruoso é que faz com que 450 mil soldados iraquianos fiquem aterrorizados ante a força numericamente inferior de 250 mil combatentes dos EUA. George W. Bush, além de ter os melhores aviões, mísseis, navios e blindados, têm as tropas mais bem treinados e equipadas individualmente. Na infantaria, por exemplo, um soldado raso carrega cerca de US$ 1,9 mil entre uniforme, acessórios e armamentos de última geração. O único bem de valor que o Exército regular do Iraque leva para o front é o fuzil russo Kalashnikov AK-47, que custa entre US$ 500 e US$ 700. É eficiente, robusto, mas projeto antigo, de 1974. A exceção é a ainda famosa Guarda Republicana, tropa de elite, cães de guarda de Saddam e sua família, além de outros plutocratas menores. Justamente por isso ela é melhor treinada, alimentada e paga.

Os generais de Washington, só para começar, colocam nas mãos de seus garotos um moderníssimo riflle M-16 A2 que dispara até 800 tiros por minuto e uma pistola Beretta 9 mm. Preços médios de US$ 590 e US$ 260, respectivamente.

A lista americana continua com o capacete de kevlar, material mais duro que o aço, máscara contra gases, botas especiais ultra-resistentes e à prova d?água e uniforme desenhado por computador. E nenhum ?defensor da democracia? entra em combate sem o colete à prova de balas de US$ 490 e a super-mochila de US$ 580. Esta é conhecida como MOLLE, sigla em inglês para Sistema Modular Leve de Carregamento de Equipamento, e acomoda saco de dormir, ração para vários dias, munição, granadas e roupas especiais contra ataques químicos e biológicos. A comida pode até dar água na boca. Chamada de MRE, a ração padrão vem numa caixa com doze refeições, que podem durar até oito anos se estocadas em condições ideais de temperatura e umidade. Há seis cardápios diferentes, que vão do frango com arroz à carne cozida. Cada um deles também inclui suco, bolachas cream cracker, geléia, biscoitos com cobertura de chocolate e talheres. Custo do repasto: US$ 6,25 cada. Nesse bolo ainda há coisinhas como luvas, facas, cordas etc. Acabou? Não, tem mais.

Um soldado dos EUA também anda plugado. Dependendo da tropa em que estiver, ele pode equipar-se com um dos melhores rádios do mundo, o Thales AN/PRC-148 MBITR, resistente à água e com sistema de criptografia; oficiais e comandantes de unidades têm à sua disposição um aparelho portátil de localização por satélite, o GPS; e também há os famosos óculos de visão noturna, como o AN/PVS-7, fabricado pela ITT Industries e modelo padrão das forças americanas terrestres. que permitem enxergar um veículo no escuro a 500 metros de distância. Eles podem custar até US$ 4,9 mil. Juntando o custo destas lentes aos cerca de US$ 1,9 mil do equipamento básico da infantaria, chegamos a quase US$ 7, mil por soldado.

Tecnologia é e sempre foi a palavra-chave da indústria bélica. Atualmente, não há país que se atreva a barrar o exército do século 21. Estamos na mão e no bolso de Bush.