11/11/2009 - 8:00
PAPÉIS AVULSOS
Caçada aos estrangeiros
Há dois anos, o Brasil descobriu que tinha imensas reservas de petróleo no pré-sal. Em abril do ano passado, as agências de rating descobriram que o Brasil era bom pagador e deram o grau de investimento à dívida soberana do País. No mês seguinte, o Ibovespa passou dos 72 mil pontos. Nos meses que se seguiram, a crise mundial afugentou os investimentos, especialmente os estrangeiros, que respondem por 35% do movimento diário e 70% dos IPOs. ?O Brasil não teve tempo de se beneficiar do grau de investimento?, disse à DINHEIRO o diretor-executivo de desenvolvimento e fomento de negócios da BM&FBovespa, Paulo Oliveira. A bolsa quer recuperar o tempo perdido e aproveitar que o Brasil está na moda para colocar em prática o plano de internacionalização. E, de quebra, atrair os investidores que fugiram do IOF de 2% e passaram a negociar ADRs de empresas brasileiras em Nova York. Depois de fechar acordos com a CME e a Nasdaq, dos Estados Unidos, a bolsa abriu na sexta-feira 6 um escritório na City de Londres, o coração do mercado financeiro europeu. ?Estar em Londres é fundamental para mostrar os produtos brasileiros. Muitos investidores não atuam no Brasil por não conhecer as facilidades do mercado?, disse à DINHEIRO o presidente da bolsa, Edemir Pinto. A intenção é buscar o investidor que não está interessado apenas em países emergentes, mas que saiba diferenciar o Brasil de outros mercados, inclusive da China.
DESTAQUE NO PREGÃO
O sorriso de Steinbruch
O lucro líquido da CSN no terceiro trimestre atingiu R$ 1,15 bilhão, alta de 2.775% na comparação com o mesmo período de 2008. A melhora do resultado operacional, aliada à incorporação da Big Jum Energy Participações pela sua subsidiária Namisa, impulsionou os resultados da companhia presidida por Benjamin Steinbruch.A empresa passou a operar muito próxima de sua capacidade instalada e as vendas subiram 39% na comparação com o trimestre anterior. Em relação a 2008, a evolução ainda é tímida, de 4%. Já a produção mostra queda de 12% na comparação com o ano passado, mas um impulso de 35% ante o segundo trimestre do ano.
PALAVRA DE ANALISTA
Apesar das projeções otimistas da própria companhia, o momento é de cautela para o setor, diz o gerente de análise da Modal Asset Management, Eduardo Roche. ?Poderá haver pressão de preços no ano que vem em função de uma superoferta de aço no mundo?, comenta. Para ele, o religamento dos altos-fornos e a retomada da produção pela CSN não serão necessariamente acompanhados por um aumento da demanda. Com isso, os preços praticados pela companhia em 2010 não devem subir. Segundo Roche, o valor da ação da companhia já atingiu o seu preço justo. Na quinta-feira 5, as ações fecharam cotadas a R$ 60,78, com ganhos de 123,94% em 2009.
GVT
Duelo telefônico
A Telefônica aumentou, na quarta-feira 4, a oferta pela compra da GVT. O novo lance do presidente Antonio Carlos Valente, de R$ 50,50 por ação, é 5,21% superior à oferta inicial, feita em outubro, de R$ 48 por ação. O apetite dos espanhóis parece bem maior que o dos franceses da Vivendi, que ofereceram R$ 42 por ação em setembro. ?A mensagem da Telefônica é clara: eles estão dispostos até a aumentar o preço novamente?, avalia o analista da Ágora Corretora, Alan Cardoso. Talvez por isso o mercado antecipou a alta e as ações da GVT tenham fechado em R$ 52,60 na quinta-feira 5. Como a lei obriga que uma oferta concorrente deve ser 5% superior à atual, a Vivendi teria de ofertar pelo menos R$ 53,03, o que o mercado descarta. Por enquanto.
Quem vem lá ??
Boa ideia?
Se você é acionista da Ideiasnet, prepare-se para tomar uma decisão. No dia 30 de novembro, os fundos Hankoe, Mercatto, Total Return, Gustavia e Centennial (controlado indiretamente por Eike Batista) farão o leilão da oferta pública na BM&FBovespa para adquirir o controle da empresa. A Ideiasnet, presidida por Luis Reátegui, desenvolve projetos e adquire participações em firmas do setor de tecnologia. O preço oferecido por ação é de R$ 5,23, mas poderá ser elevado, inclusive no momento do leilão. Na quinta-feira 5, a cotação em bolsa estava mais alta, em R$ 5,41. A intenção dos fundos é manter a Ideiasnet no Novo Mercado.
FIQUE DE OLHO: a Marfrig informou que os financiamentos e empréstimos da Seara eram de R$ 396,4 milhões. Quem já fez reserva para comprar ações na oferta secundária e não gostou da notícia pode retirar o pedido até 11 de novembro.
TOURO X URSO | |||
As vendas no varejo nos Estados Unidos, com divulgação prevista para a segunda 16, devem sinalizar como será o consumo do americano para o Natal. Esta é a época mais importante do ano para o setor. Diante das últimas boas notícias da economia, como o crescimento de 3,5% do PIB, novos números otimistas podem causar frisson nos mercados. Vale lembrar que os indicadores lá fora ainda são discrepantes, gerando volatilidade. |
Cuidado! A alta acumulada de 72,61% do Ibovespa em 2009 tem tudo para acabar numa grande realização de lucros até o final do ano. Os movimentos de realocação de ativos dos gestores, que já se preparam para 2010, deverão gerar muita volatilidade. O resultado preliminar do índice de confiança do consumidor, da Universidade de Michigan, referente a novembro será o indicador mais olhado pelos mercados na sexta-feira. |
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Os alunos do curso de extensão Como Operar na Bolsa, da Faculdade Santa Bárbara, de Tatuí (SP), terão mais do que aulas teóricas sobre ações e derivativos. Eles irão investir, na prática, R$ 450 dos R$ 600 cobrados pela faculdade a título de inscrição. Os professores são profissionais de mercado. Clodoir Vieira, economista-chefe da Corretora Souza Barros, ensinará análise fundamentalista e derivativos.
ELETROBRÁS
R$ 11,7 bilhões
é o montante da capitalização das empresas controladas pela Eletrobrás. Na operação, anunciada na terça-feira 3, dívidas das companhias com a holding do setor elétrico serão transformadas em ações, que aumentarão a participação da estatal em seu capital. No caso de Eletronorte, Furnas e CGTEE, o aumento de capital será de R$ 6,6 bilhões.
VALE
US$ 1 bilhão
foi o montante do bônus negociado pela Vale no Exterior, com prazo de 30 anos. O título, de emissão da Vale Overseas Limited, foi precificado com cupom de 6,875% ao ano, pagos semestralmente. Para os investidores finais, o retorno será de 6,99% ao ano, já que o papel saiu com deságio, ao preço de 98,564% do valor de face. O custo é de 265 pontos-base acima do retorno dos títulos do Tesouro dos EUA de mesmo prazo.
HYPERMARCAS
9,8% do capital
é a participação da GP Investimentos no capital da Hypermarcas, que será colocada à venda em bloco. A gestora pretende usar os recursos para capitalizar empresas promissoras e com dificuldades, como a Magnesita e a San Antonio.
CREMER
27,3% de alta
foi o avanço do lucro líquido da Cremer no terceiro trimestre, em comparação a igual período de 2008. A fabricante de produtos para a área de saúde apurou resultado de R$ 11,2 milhões, ante R$ 8,8 milhões anteriores. No segundo trimestre, a companhia havia lucrado R$ 11,5 milhões.
PERSONAGEM
A festa da CSU
A CSU CardSystem está contando os minutos para o fim da exclusividade da RedeCard e da Visanet no processamento dos cartões MasterCard e Visa. O executivo Décio Burd, diretor de relações com Investidores da CSU, falou à DINHEIRO:
DINHEIRO –Ficou feliz com o balanço trimestral?
BURD ? Muito. O ebitda (ganho antes dos impostos, depreciação e amortização) cresceu 27,6%, para R$ 21,3 milhões.
DINHEIRO – Qual foi o motivo desse crescimento?
BURD – Aumentamos as receitas e reduzimos o endividamento em quase 30% em 12 meses. Na prática, como as despesas permaneceram estáveis, aumentamos as margens. Conseguimos cadastramento muito alto de cartões: 2,4 milhões. Crescemos 10% na base de cartões em três meses. Isso vai se refletir lá na frente.
DINHEIRO – Como fizeram isso?
BURD – Com crescimento orgânico e a emissão de novos clientes, como Porto Seguro e Carrefour.
DINHEIRO – Como vê a reação do papel na bolsa?
BURD- Nos últimos dois anos, crescemos bem mais que o Ibovespa. Este ano está sendo excepcional e 2010 será ainda melhor.
DINHEIRO – A empresa voltou para a rota de crescimento?
BURD – Que sempre teve. Os problemas são coisas do passado, conseguimos consertar a empresa. Em 20 anos de existência, tivemos só dois anos ruins. O lucro líquido por ação foi de R$ 0,10 só neste trimestre. Estamos gerando quase 5% de retorno sobre o preço da ação.
DINHEIRO ? Quais são os investimentos previstos?
BURD ? Neste ano, vamos investir mais R$ 6 milhões. Em 2010, vamos manter investimentos da ordem de R$ 32 milhões.
DINHEIRO ? O governo está interferindo no setor de cartões. Como isso os afeta?
BURD ? Para nós, isso é muito positivo, pois estamos fora dos mercados que o governo quer regular. Com a regulação, vamos poder prestar serviços que hoje não podemos, como os serviços de acquirer, ou adquirência, que é o ato de estar vendendo ou recebendo através dos cartões. Estamos nos preparando para atuar, pois o governo quer transparência, maior competitividade e o fim do duopólio.
DINHEIRO ? A CSU vai poder emitir cartões Visa e MasterCard?
BURD ? Não, vou poder processar transações de estabelecimentos que aceitam MasterCard e, após 30 de junho de 2010, Visa. Esse mercado era restrito a duas processadoras [Redecard e Visanet].
DINHEIRO ? O foco continua no processamento?
BURD ? Sim, não vou concorrer com meu cliente jamais. Temos sistemas que permitem a emissão e o uso simultâneo do cartão. Fazer a primeira compra na hora é muito importante para o varejo.
AVISO ? Esta seção tem caráter meramente informativo e seu conteúdo não deve ser interpretado como recomendação de investimentos. A revista DINHEIRO não se responsabiliza por decisões de investi- mento tomadas por seus leitores. O autor detém ações das seguintes empresas: Banco do Brasil, BM&FBovespa, Bradesco, Itaú Unibanco, Pão de Açúcar, Petrobras, Santander Brasil, Usiminas e Vale.
PELO MUNDO
AMBEV
A Ambev foi removida do Índice de Sustentabilidade Global 50 Nasdaq OMX CRD, que reflete compromissos das empresas listadas com questões de governança e compromissos socioambientais. Além dela, outras 22 empresas foram substituídas após a reavaliação semestral do índice, sempre em novembro e maio de cada ano.
HSBC PISA NO FREIO
O HSBC irá demitir 1.700 funcionários no Reino Unido. Os cortes serão destinados aos setores de cobranças e cartões de crédito. Nove escritórios desses segmentos serão consolidados em dois. O prazo para isso é de 12 a 18 meses. O banco, presidido por Michael Geoghegan, já havia anunciado dois outros cortes em 2008, com a eliminação de 1.250 postos.
FORD ACELERA
A montadora Ford divulgou um lucro US$ 997 milhões, valor inesperado e que levou, na segunda-feira 2, a uma alta de 8,28% das ações na NYSE. Há um ano, a empresa corria o risco de concordata. A última vez que anunciou lucro foi em 2005, de US$ 357 milhões. O resultado reflete ganhos de participação de mercado, cortes de custos e vendas impulsionadas pelo programa “Dinheiro por Sucata”, do governo. A montadora espera ter lucros sólidos em 2011.
CORTES NA J&J
O presidente da Johnson & Johnson, William C. Weldon, anunciou na terça 3 o novo plano de reestruturação da companhia, que prevê a demissão de 6% a 7% dos empregados no mundo. O corte representa cerca de oito mil pessoas. A empresa deve economizar até US$ 900 milhões em 2010.