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PAPÉIS AVULSOS
A estratégia de Abílio Diniz

Como se mede a força de uma rede de varejo? Geralmente, na boca do caixa. O volume de vendas, de R$ 18 bilhões em 2008, faz do Pão de Açúcar um gigante do ramo. Para o empresário Abílio Diniz, no entanto, mais importante é ter poder de compra. É na negociação com os fornecedores que reside boa parte da mágica do seu negócio. Nos últimos tempos, Diniz está obcecado com uma linha de produtos na qual é apenas um coadjuvante: eletrônicos e eletrodomésticos.

 

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ABÍLIO DINIZ: presidente do Conselho do Grupo Pão de Açúcar

 

Ele quer fazer da rede uma grande negociadora de tevês, geladeiras e itens afins. Suas 47 lojas Extra Eletro não dão conta do recado e respondem por apenas 1,7% do faturamento. Nada mais natural, portanto, que ele cobice o Ponto Frio, que está à venda. O problema é que o Pão de Açúcar não aparece entre os finalistas na disputa pelas lojas de Lily Safra. Na semana passada, os grupos Silvio Santos, Insinuante e Magazine Luiza eram os mais comentados como futuros donos do Ponto Frio.

Diniz não desiste facilmente de uma ideia e, mesmo que perca essa disputa, deve insistir na estratégia. Será que precisa? Sua empresa é considerada saudável e conservadora por estar no setor de alimentos, item de primeira necessidade que pouco sofre com crises econômicas. Já o setor de eletroeletrônicos é volátil, com ferrenhas disputas por preço. O valor de mercado da companhia é de R$ 8,5 bilhões. O Ponto Frio vale R$ 1 bilhão. As cartas estão na mesa.

 

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DESTAQUE NO PREGÃO
Rossi para o povo

É grande o grupo de empresas do setor imobiliário cujas ações perderam mais de 70% de seu valor em 2008. E a Rossi Residencial é uma delas, com perdas de 83%. A recuperação parece ter chegado antes para as concorrentes MRV e Tenda, mas a Rossi também está na mesma trilha.

O papel ON da companhia acumula 129% de alta em 2009. Ainda não é o suficiente para restaurar os valores do passado, mas já é um bom começo. Segundo Heitor Cartegiani, CEO da empresa, os projetos com foco no segmento econômico serão intensificados. A Rossi espera lançar entre 13 mil e 15 mil unidades em suas linhas Praças, Villa Flora e Ideal. Esta última é a linha escolhida para fazer parte do programa do Governo Federal, Minha Casa, Minha Vida.

 

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ODONTOPREV
Sorriso mexicano

Odontoprev, rede de assistência odontológica brasileira, está a caminho do México. A companhia de Randal Zanetti acertou uma joint venture com a Iké, responsável pelos cuidados bucais de 15 milhões de mexicanos. O investimento é de US$ 1 milhão por 40% do negócio. A Odontoprev levará seu conhecimento em planos odontológicos enquanto a Iké abrirá sua carteira de clientes. No relatório da Lopes Filho, o destaque é justamente para as formas de crescimento da Odontoprev, que estão direcionadas à compra ou à parceria com empresas que possibilitam sinergia de negócios. A Lopes Filho ainda mensurou os impactos da joint venture nas vendas e no valor de mercado da empresa. O preço-alvo da consultoria para o papel é de R$ 30

 

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PALAVRA DE ANALISTA

Além das expectativas negativas para o setor imobiliário, a Rossi teve outros agravantes que prejudicaram o desempenho de seu papel na bolsa. A comunicação errada com o mercado e direcionamentos diferentes do que estava registrado nas diretrizes foram alguns dos pontos. Agora, com a estratégia posicionada com mais força no segmento econômico, a empresa pode ganhar uma segunda chance do mercado. “Tudo dependerá de como ela vai evoluir em sua curva de aprendizado. É uma empresa que tem muita experiência no segmento e tem tudo para ter um resultado positivo com as medidas que vem tomando”, afirma o analista do Itaú, David Lawant.

 

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JUSTIÇA
A Tarpon chegou lá

A Tarpon Investimentos subiu o último degrau na BM&FBovespa. A empresa de gestão de recursos aderiu ao Novo Mercado, sendo a 100a. companhia listada a fazer parte do mais alto grau de governança corporativa. A decisão faz parte da reestruturação da Tarpon, que passou a ser denominada Tarpon Investimentos S.A. (TISA) no lugar de Tarpon Investment Group (TIG). Nesse processo, os BDRs foram cancelados e os acionistas que detinham esses papéis receberam uma ação da TISA na proporção de 1 para 1. A Tarpon, criada por José Carlos Magalhães, reestreou na bolsa na terça-feira 26. O grande trunfo da companhia é a gestão de recursos, que estão sob os cuidados de Pedro Faria. São R$ 2,84 bilhões divididos em três fundos e em private equity. FIQUE DE OLHO A Tarpon é admirada pelo seu ativismo como investidor minoritário. Agora, ela passa a ser alvo da mesma cobrança por parte de seus acionistas.

 

TOURO X URSO

As más notícias internacionais tem servido de combustível para a BM&FBovespa. Os investidores parecem não se importar com os dados divergentes dos EUA. Eles buscam mercados em que sua poupança possa continuar a ser remunerada, e isso beneficia a bolsa brasileira. Continue atento aos sinais: na quarta-feira 3 serão apresentados os índices de emprego nos EUA e na sexta-feira 5 o FED divulga a situação do crédito ao consumidor. A lentidão é uma característica da economia do continente europeu, que tem um tempo de reação diferente quando comparado à americana. Nesta semana, a concentração está na decisão que os bancos centrais da Europa (BCE) e da Inglaterra tomarão em suas políticas monetárias. Qualquer mudança será conhecida na quinta-feira 4, último dia do encontro. Até lá, os investidores poderão ficar mais cautelosos.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Os admiradores da estratégia de investimento de Warren Buffet poderão participar do 2º Congresso Value Investing Brasil, que acontecerá em 4 de junho, em São Paulo. Entre os palestrantes estarão Mario Fleck, da Rio Bravo, Michael van Biema, da Biema Value Partners, de Nova York, entre outros. O anfitrião será Rui Tabakov Rebouças, da Tabakov Capital, e as inscrições ainda podem ser feitas no site www.valueinvestingbrasil.com.

 

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MERCADO EM NÚMEROS

AGRENCO318% foi a alta das ações ON da Agrenco neste ano até a quinta-feira 28. Na terça anterior, a empresa, que está em recuperação judicial, fechou acordo com a suíça Glencore. O papel, de alto risco, está abaixo de R$ 1.
GOL R$ 400 milhões foi o valor da última emissão de debêntures simples da Gol Linhas Aéreas. As debêntures são simples, não conversíveis em ações e pagam 126,5% do CDI.
VALE 2,4% foi o total de ações PNA que a Vale colocou no caixa da tesouraria com o programa de recompra aprovado no ano passado. A companhia também recomprou 1,5% das ações ON.
SABESP R$ 965 milhões é o perdão que a Sabesp dará ao município de São Paulo, caso consiga o contrato de concessão de 30 anos. Pela proposta, que está sendo avaliada pela Câmara de Vereadores, o contrato pode ser rompido em caso de privatização e há exigência de investimentos mínimos de 9% do faturamento.
PROFARMA 10% é a proposta da Profarma para a recompra de ações da companhia em circulação. O prazo é de um ano e serão adquiridos 1,57 milhão de papéis.
BRASKEM US$ 800 milhões é a necessidade de caixa para a Braskem financiar seus projetos na Venezuela. A empresa pretende captar recursos, mas descartou a emissão de bônus.

 

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PERSONAGEM
Beleza ilesa

A Natura completou cinco anos na bolsa na terça-feira 26. E não faltaram motivos para comemorar. O plano de reestruturação desenhado pela empresa rendeu frutos rapidamente. Segundo seu copresidente, Pedro Luiz Barreiro Passos, os resultados foram satisfatórios e a empresa está bem precificada na bolsa. “O mercado sempre faz uma boa leitura do valor da ação”, afirmou à DINHEIRO o executivo. Além disso, foi a terceira companhia do País a estrear no Novo Mercado, o nível máximo de governança corporativa da BM&FBovespa. Passos reiterou os planos da companhia de ganhar mercado na América Latina, mas não há planos de novas captações.

 

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“A crise não nos impactou em nada”
PASSOS, copresidente da Natura

 

DINHEIRO – O preço da ação reflete hoje o valor da empresa?
PEDRO LUIZ PASSOS –
O mercado sempre faz uma boa leitura do valor da ação. Obviamente que há movimentos macroeconômicos um pouco para cima ou para baixo. Mas, em comparação a outros ativos da bolsa, vemos que a empresa está bem precificada e continua com boas possibilidades de crescer.

DINHEIRO – Os resultados da reestruturação estão além do esperado?
PASSOS
– A Natura passou por um ano de 2007 mais difícil e o mercado nos ajudou a sinalizar as dificuldades. Um trabalho brilhante foi feito e contou com uma recuperação muito rápida, que renova a capacidade da empresa. Estamos muito satisfeitos.

DINHEIRO – Qual foi o impacto da crise na empresa?
PASSOS
– A crise não nos impactou em nada. No primeiro trimestre, mantivemos a mesma taxa de crescimento de 2008, que foi de 26% e nossa perspectiva é de que continue assim.

DINHEIRO – A Natura pretende fazer novas captações?
PASSOS
– Estamos sempre olhando as necessidades estratégicas da empresa, do mercado, mas não temos a intenção de captar no curto prazo.

DINHEIRO – Até quando seus investimentos nos EUA permanecerão congelados?
PASSOS
– O cenário ainda é tão volátil que é difícil fazer uma projeção. A América do Norte é um mercado importante, atrativo, formador de marca. Nós fizemos um estudo de entrada naquele mercado, mas com a crise, decidimos interromper e não há previsão de retomada.

DINHEIRO – E na América Latina?
PASSOS
– Continuamos com uma forte intenção de aumentar a participação regional. Temos feito esforços e investimentos redobrados e não congelamos nada. Hoje, a América Latina representa 7% de nossas vendas. É a nossa prioridade fora do Brasil e a meta no longo prazo é de que consigamos ter na América Latina o mesmo market share que temos no Brasil, que é de 22%.

PELO MUNDO

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O RESGATE
Três fundos de private equity, o Fortress, o Lightyear e o Crestview, se uniram para injetar US$ 800 milhões no banco First Southern, uma pequena instituição da Flórida. A estratégia do grupo é fortalecer o banco para iniciar a compra de outras unidades no Estado. O mercado aplaudiu e as ações do Fortress, presidido por Wesley Edens, subiram 10% na quinta-feira 28.

 

AOL SOZINHA
A Time Warner anunciou finalmente o plano de separação da AOL. Após a transição, a empresa de internet será completamente independente do gigante da comunicação e terá seus papéis operados separadamente. A Time Warner possui hoje 95% das ações da AOL e o Google, 5%. Após a separação, a Time pretende comprar a totalidade das ações. O papel da companhia subiu 2,4% na NYSE, na quinta-feira 28

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HP DEMITE
A fabricante de PCs e impressoras Hewlett-Packard anunciou que cortará 5.700 funcionários em suas atividades na Europa, na Ásia e na África nos próximos dois anos. A América será poupada, por enquanto. A empresa também comunicou que submeterá um plano de reestruturação a seu conselho, o que fez suas ações operarem em alta de 1% na NYSE na quinta-feira 28.

TROCA NO BOFA
O Bank of America (BofA) anunciou na quarta-feira 27 que oferecerá a troca de 200 milhões de ações ordinárias por algumas séries de ações preferenciais a seus acionistas privados. A oferta deverá expirar em 24 de junho.