25/06/2008 - 7:00
PAPÉIS AVULSOS
A oferta da supertele
Na quinta 19, a Oi finalmente publicou o edital de compra das ações da Brasil Telecom que pertencem a acionistas minoritários. A companhia marcou a data para o leilão na BM&F Bovespa: 22 de julho. A Oi irá pagar R$ 23,42 pelas ações preferenciais da Brasil Telecom (BRTO4), a empresa operacional, e R$ 30,47 pelas preferenciais da holding Brasil Telecom Participações (BRTP4). O curioso é que, embora a Oi tenha anunciado há dois meses que iria realizar a oferta e pagar estes valores, as ações da Brasil Telecom continuaram a ser negociadas por menos. Na quarta 18, a BRTO4 fechou a R$ 18,51 e a BRTP4, a R$ 24,57. O normal quando ocorre um negócio desse tipo é que o mercado ajuste para cima os preços dos papéis, já que tem alguém disposto a pagar mais por eles. E por que isso não aconteceu? Basicamente, por duas razões. Primeiro, a Oi não vai comprar a totalidade das ações preferenciais da Brasil Telecom em circulação, mas somente o equivalente a um terço delas. Segundo, a própria fusão depende de mudanças regulatórias. O novo Plano Geral de Outorga (PGO), divulgado na terça 17 pela Anatel e colocado em audiência pública por 30 dias, abre caminho para a criação da supertele. De todo modo, os papéis da Brasil Telecom não devem disparar, pois a oferta será limitada. A Brascan estima que a Oi só precisa comprar 10% das preferenciais. “O restante foi adquirido nas últimas semanas diretamente no mercado”, diz o analista Felipe Cunha. Sua recomendação para os papéis preferenciais da Oi (TNLP4) é de compra.
DESTAQUE NO PREGÃO O ministro das Minas e Energia Edison Lobão estremeceu as empresas do setor de mineração ao afirmar que o governo está estudando uma maneira de aumentar a tributação da exploração de minérios no País. Segundo Lobão, tirando petróleo e gás, a tributação média do setor é de 14%. Em um recado que parecia endereçado à Vale, o ministro afirmou que a Petrobras paga 65% de impostos. “Essa situação não pode prosseguir. O País tem de participar dessa riqueza no setor mineral”, afirmou. Pior momento, impossível. Há duas semanas, a Vale anunciou que pretende fazer uma emissão de ações ordinárias e preferenciais de até US$ 15 bilhões para viabilizar o crescimento orgânico e as aquisições. PALAVRA DE ANALISTA Ainda não está claro qual será o impacto da proposta de aumentar a tributação das mineradoras sobre suas ações. “A informação, até agora, é pouca”, diz Roberto Knoepfelmacher, da GAS Investimentos. Antes que qualquer mudança seja anunciada deverá ocorrer muita discussão e, principalmente, questionamentos com a mudança das regras no decorrer do jogo. “Os papéis das empresas do setor estão sofrendo por outros motivos. É preciso discernir o que impacta um e o que impacta outro. Mas não tem ligação com relação à tributação”, diz Rodney Melhados, analista da Planner Corretora. O recado para o investidor é ficar de olho porque a luz ainda não está vermelha para o setor. |
AVIAÇÃO O urubu que ronda o setor aéreo diante das acusações de ilegalidade na venda da VarigLog para a Volo do Brasil, em 2006, incomoda a atual dona da Varig, a Gol. A empresa de Constantino Oliveira Jr. publicou anúncio na quarta 18, no qual afirma que “a aquisição da Varig foi conduzida com ética, transparência e dentro da legalidade”. Segundo a Gol, que pagou US$ 320 milhões pela “estrela brasileira”, a frota foi aumentada de 19 para 34 aeronaves, os funcionários passaram de dois mil para 3,7 mil e a participação de mercado no País cresceu para 7,97%. Este mês, as ações da Gol caíram 14%. Hora de comprar? Poucos analistas indicam o papel, principalmente por conta da crise do petróleo e seus impactos no setor. “É muito arriscado, pois se o petróleo for a US$ 200 as ações vão cair mais”, diz Caio Dias, analista da Santander Corretora. |
QUEM VEM LÁ Essa é das antigas. A mineradora Paranapanema já foi uma das blue chips da Bolsa de Valores, a ponto de ter sua cotação divulgada diariamente nos telejornais em horário nobre. Mas ela perdeu o trono com o boom das telecomunicações nos anos 90 do século passado, passou por dificuldades financeiras e andava esquecida dos investidores. Nos últimos 21 dias, segundo a Economática, o volume médio diário com as ações preferenciais foi inferior a R$ 200 mil. Agora, a Paranapanema do presidente Geraldo Haenel volta aos holofotes ao registrar na CVM um pedido de emissão de debêntures conversíveis em ações. Há tempos que ninguém utiliza esse instrumento no Brasil. Serão 1.900 debêntures a um preço unitário de R$ 500 mil, ou seja, a operação poderá chegar a R$ 950 milhões. Acionistas minoritários poderão exercer direito de preferência. Em um ano, as PNs caíram 63%. Quem vai se arriscar? FIQUE DE OLHO: Uma teleconferência sobre a reestruturação financeira da Paranapanema pode ser ouvida no site da empresa na internet. |
TOURO X URSO | |||
O touro anda meio amarrado na Bolsa de Valores. As perdas no mês chegavam a 8% até a quintafeira, reduzindo a 5% os ganhos do Ibovespa no ano. O mercado de ações deve continuar volátil nesta semana, conforme saem os indicadores de inflação no Brasil e decisões sobre os juros nos EUA. Atenção aos números da balança comercial e à reunião do comitê de política monetária do banco central americano, o FED. |
Sai na quinta 26 o IGPM de junho. Se vier acima das expectativas do mercado (1,83%), ponto para o urso: as ações podem sofrer as conseqüências de altas mais fortes dos juros pelo Banco Central, o guardião da moeda. Como o BC adiantou em um dia, para a quarta, a divulgação do relatório de inflação, há quem espere notícias boas nesse front. A próxima reunião do Copom, que define a Selic, está marcada para 22 de julho. |
EDUCAÇÃO FINANCEIRA Aprender, poupar e só depois investir. Estes são os três passos que o economista Victor Hohl indica para quem pretende alcançar a independência financeira. Primeiro é preciso aproveitar a quantidade de informações disponíveis sobre investimentos. Segundo, formar uma reserva para as emergências. “Uma poupança com seis vezes o valor das suas despesas mensais é suficiente”, diz Hohl. Só então deve-se investir em ações. |
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MERCADO EM NÚMEROS INTRA R$ 800 mil PÃO DE AÇÚCAR 15,4% de alta TELECOMUNICAÇÕES R$ 250 bilhões IGUATEMI 106% de alta |
PERSONAGEM Os 500 milhões de cartões de crédito, débito e de loja movimentaram uma fortuna de R$ 310 bilhões em 2007. Das empresas listadas na Bovespa, apenas duas trabalham diretamente com esse setor: a CSU, que faz o processamento de transações, e a Redecard, responsável pela captura de dados e credenciamento de estabelecimentos para as bandeiras MasterCard e Diners. O avanço da classe C anima Roberto Medeiros, presidente da Redecard. Ele falou à DINHEIRO:
DINHEIRO – As ações da Redecard caíram após a crise do subprime no ano passado, mas depois se recuperaram. Como explica esse desempenho? DINHEIRO – Quais riscos podem prejudicar o desempenho da empresa? DINHEIRO – Citibank, Itaú e Unibanco, os três controladores da Redecard, fizeram uma emissão secundária de ações no início do ano. Pode ocorrer uma nova emissão? DINHEIRO – A provável abertura de capital da Visanet assusta? DINHEIRO – O Bradesco utiliza a rede da American Express e o Unibanco, a do Hipercard. São concorrentes da Redecard? DINHEIRO – A empresa tem receitas alternativas? DINHEIRO – As pessoas estão utilizando mais o cartão? |
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PELO MUNDO
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Colaboraram: Ana Clara Costa e Márcio Kroehn