30/09/2009 - 7:00
PAPÉIS AVULSOS
CCR volta à bolsa
A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) engrossou a lista de empresas dispostas a buscar dinheiro na bolsa nos próximos meses. A captação é estimada em R$ 1 bilhão e os recursos deverão ser usados para prover liquidez à empresa para participar de novos leilões rodoviários. Especificamente, tem interesse nos trechos sul, norte e leste do Rodoanel, em São Paulo, que deverão ser disputados em novembro. A empresa, que inaugurou o Novo Mercado da Bovespa em 2002, controla trechos importantes como a NovaDutra, a ponte Rio-Niterói, o complexo Anhanguera-Bandeirantes e o trecho oeste do Rodoanel.
O setor rodoviário deve ser beneficiado pelas boas perspectivas econômicas para 2010, envolvendo, principalmente, o aumento do fluxo de veículos pesados em direção aos portos. Outro ponto positivo na estratégia é o aumento esperado dos investimentos públicos e privados em infraestrutura, com foco na Copa de 2014. Recentemente, a empresa participou de leilões para concessões no Norte e Nordeste. No entanto, não obteve sucesso. Segundo Renato Vale, presidente da CCR, a companhia não entrará nesse mercado sem a participação do governo. Vale já reiterou em diversas ocasiões seu interesse prioritário no restante dos trechos do Rodoanel, sobretudo o trecho sul. Os investidores reagiram com frieza ao anúncio da nova emissão da CCR. As ações ON da companhia caíram 1,84% no dia do comunicado, na sexta-feira 18, e perderam mais terreno nas sessões seguintes. Em uma semana, a queda acumulada foi de 5,65%, até quinta-feira 24. No ano, a ação está em alta de 32,5%. A Planner Corretora recentemente revisou o preço-alvo da companhia, subindo-o de R$ 26,29 para R$ 35,38.
DESTAQUE NO PREGÃO
Empresa Sadia
Enquanto aguarda a decisão do Cade sobre as minúcias de sua atuação no País, a Brasil Foods (BRF) aproveita para dizer ao mercado que está muito bem. Na terça- feira 22, a companhia participou do Dia da Empresa, promovido pela BM&FBovespa, e anunciou boas novas. Luiz Fernando Furlan, copresidente do conselho de administração da BRF, mostrou- se animado e afirmou que a intenção da empresa é se consolidar mundialmente e, em um futuro próximo, fazer aquisições nos Estados Unidos. ?Podemos conquistar este mercado por meio de acordos ou de aquisições. Não posso antecipar nada, mas é uma possibilidade”, disse durante o evento. Na semana do anúncio de Furlan, o papel ON da empresa teve alta de 2,34%, até a quinta-feira 24.
PALAVRA DE ANALISTA
Com a concorrência se fortalecendo por meio de aquisições, os planos da BRF não surpreenderam os analistas. ?Estamos atravessando um momento de consolidação do setor e é recorrente que empresas recémcriadas falem em aquisições?, diz Renato Prado, analista do Fator Corretora. No entanto, tais planos dificilmente serão concretizados no curto prazo. Segundo Prado, a BRF precisa vencer algumas etapas antes de adquirir outras empresas. ?O Cade ainda tem que aprovar a fusão e as companhias precisam concluir a integração das duas marcas. Ir às compras agora não está nas previsões dos agentes do mercado?, afirma ele.
CPFL
Bendita dívida
Enquanto a maior parte das empresas voltam ao mercado de ações, a CPFL faz o caminho inverso. E obtém sucesso, para felicidade do presidente Wilson Ferreira Júnior. A empresa conseguiu levantar R$ 1,5 bilhão ao fazer 13 emissões simultâneas no mercado de dívida: sete de debêntures e seis de notas promissórias. A companhia é listada no Novo Mercado da BM&FBovespa, mas optou por outra forma de captação devido às altas taxas cobradas para uma emissão acionária. O dinheiro poderá ter dois destinos: a rolagem da dívida da própria companhia ou investimentos nas empresas do grupo, como a CPFL Energia. O papel CPFE3 teve queda modesta de 0,03% na bolsa, na quinta-feira 24, um dia após o anúncio da captação.
QUEM VEM LÁ
O pregão da boiada
Qual é a melhor forma de financiamento para você? Para o Marfrig, é o mercado de capitais. Uma semana depois de fechar negócio com a Cargill para adquirir a Seara, a empresa de Marcos Molina correu para anunciar que os US$ 900 milhões que precisará desembolsar serão captados com uma nova emissão de ações. O Marfrig pode captar até R$ 2,5 bilhões, sendo que 75% desse montante serão utilizados para quitar a compra da Seara. Os 25% restantes ficarão no caixa para novas aquisições. Com o apetite demonstrado pelo Marfrig e pelo JBS Friboi na semana passada, até o frigorífico Minerva (leia entrevista na página 102), uma das forças do setor de carnes, passou a ser alvo de especulações de que estaria na mira para juntar sua boiada com a dos concorrentes.
FIQUE DE OLHO: O panetone também deve ir à bolsa. A Bauducco estuda a possibilidade de abrir o capital em breve.
TOURO X URSO
A economia internacional tem demostrado sinais de recuperação que deixam os investidores confiantes no fim da crise. Levando-se em consideração esse cenário, é possível que a bolsa continue sua trajetória de alta, apesar da valorização de cerca de 60% neste ano, em reais, e mais de 100%, em dólares. No Brasil, na terça-feira 29 o Banco Central apresentará o total das operações de crédito. Para o investidor, o importante é saber o comportamento da inadimplência.
Há algumas semanas o otimismo parece exagerado e o investidor deve ter cautela nos movimentos de compra. Fuja do comportamento de manada para não se tornar o pato da vez. Por mais que as projeções da valorização do Ibovespa sejam boas para o futuro, não estão descartadas fortes realizações de lucro no curto prazo. O dado mais importante da semana vem da China. Na segunda-feira 28, serão conhecidos os números da indústria chinesa, grande consumidora de commodities.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
O otimismo exagerado com o mercado financeiro muitas vezes coloca uma venda no olhar crítico do investidor. É essa escuridão que Rafael Paschoarelli quer iluminar com o livro As novas regras do jogo, lançamento da Campus-Elsevier. Paschoarelli quer mostrar as melhores maneiras de utilizar as diferentes alternativas financeiras, seja para comprar ações, fundos de previdência ou financiar o seu imóvel.
MERCADO EM NÚMEROS
FIBRIA
US$ 1,43 bilhão
é o montante que a Fibria quer receber do grupo chileno CMPC pela fábrica de celulose em Guaíba (RS). A capacidade de produção de papel é de 60 mil toneladas ao ano.
PETROBRAS
36% de perda
foi a desvalorização do gás natural no leilão realizado pela Petrobras, que vendeu 3,75 milhões de metros cúbicos para 17 distribuidoras.
VALE
R$ 7,23 milhões
é o valor total da remuneração das debêntures participativas da Vale. Os recursos serão liberados no dia 1º de outubro.
CPFL ENERGIA
R$ 16 bilhões
é o investimento que a CPFL Energia fará com a Camargo Corrêa na usina de Belo Monte (PA), que tem capacidade de produção de 11,2 mil megawatts (MW) de energia.
GRENDENE
300 milhões
é o número de ações da nova composição do capital social da Grendene após o desdobramento, que seria concluído na segundafeira 28. Os acionistas receberão dois novos papéis ON, sem valor nominal, para cada ação.
SOUZA CRUZ
R$ 0,10
é o valor dos juros sobre o capital próprio que a Souza Cruz pagará para cada ação. Os acionistas receberão o crédito na quarta-feira 30.
CSN
10% de reajuste
é o aumento no preço do aço que a CSN vai aplicar até o final deste ano para os distribuidores. As indústrias não fazem parte desse reajuste.
PERSONAGEM
“Fome de bons negócios”
JBS Friboi e Marfrig estão com apetite de aquisições. Elas fizeram importantes compras nas últimas semanas para ganhar espaço no mercado local e internacional de carnes. Mas na bolsa, quem está na frente na preferência dos investidores é o frigorífico Minerva, que observa com atenção a fome dos concorrentes. Neste momento, Fernando Galletti de Queiroz, presidente e diretor de RI, comanda o aumento de capital da empresa. Todos os sócios majoritários aderiram ao plano e os minoritários têm até a quarta-feira 30 para exercer sua preferência. Aqueles que têm na carteira o BEEF1, poderão fazer sua subscrição. ?Todos que subscreverem agora terão a opção de, em até dois anos, subscreverem mais uma vez com o mesmo preço de R$ 5,30 de hoje?, diz Queiroz, que falou com a DINHEIRO.
DINHEIRO – Por que está ocorrendo uma concentração no setor de carnes?
FERNANDO DE QUEIROZ – Setor mais consolidado significa maior maturidade. Vemos toda a consolidação como positiva.
DINHEIRO – Mas o endividamento das empresas está muito grande, não?
QUEIROZ- É natural que haja períodos de endividamento maior, para suportar esse crescimento, que está muito veloz. Não vemos nada de anormal nisso. É diferente a posição de um setor como o nosso, que está em expansão, de um mercado maduro e consolidado.
DINHEIRO – A relação do patrimônio líquido sobre a dívida do Minerva é de 363%. É o dobro dos principais concorrentes. Não é preocupante?
QUEIROZ – O grau de endividamento vem dos investimentos que fizemos na compra de fazendas. Nossa política não foi a de fazer aquisições. Temos unidades que estão começando ou que vão começar a produzir o que, obviamente, ainda não geraram resultado. Nossos parques são os mais modernos do setor. E com a entrada em operação de todas as unidades, a geração de caixa e de resultado vai normalizar essa equação.
DINHEIRO – Qual o objetivo da capitalização que está em curso?
QUEIROZ – Ela será de até R$ 160 milhões dependendo dos acionistas minoritários. Queremos melhorar a estrutura de capital e deixar a empresas preparada para esse período de consolidação.
DINHEIRO – É possível recuperar, ainda este ano, o prejuízo de R$ 215,5 milhões de 2008?
QUEIROZ – Grande parte do prejuízo é contábil. Temos um perfil de endividamento atrelado ao dólar, pois somos exportadores. Com a oscilação, a dívida cresceu nominalmente. A maior parte dela está concentrada em 2017. Agora, com o dólar voltando a patamares de R$ 1,85, a dívida também se ajusta.
PELO MUNDO
Dividendos da Ryanair
A companhia aérea irlandesa Ryanair anunciou que distribuirá uma fatia de dividendos não programada a seus acionistas. Segundo a companhia, os ganhos se devem ao aumento da taxa de ocupação de seus voos. Estima-se que a empresa distribua no próximo mês cerca de 300 milhões euro. Apesar disso, suas ações fecharam em baixa de 3,4% na bolsa de Londres, na quinta-feira 24.
Nomura vai captar
O banco Nomura emitirá US$ 5,6 bilhões em novas ações para fortalecer a liquidez. O preço de suas ações está 70% abaixo do valor do início de 2008. O anúncio não conseguiu animar o mercado e o papel da instituição japonesa caiu 15% na NYSE, na quinta-feira 24.
Wii mais barato
A Nintendo decidiu, pela primeira vez, reduzir o preço de seu jogo Wii. A queda estimada é de US$ 50 para os distribuidores varejistas. Após o anúncio, as ações do grupo de tecnologia japonês subiram 1,2% na NYSE, na quinta-feira 24.
Casino vende
A rede varejista francesa Casino venderá sua participação no grupo holandês Super de Bôer à rede Jumbo. O Casino detém 57% do grupo e embolsará E 482 milhões. Suas ações subiram 3% no dia 16, data do anúncio. Mas regrediram gradualmente nos dias que se seguiram. Na quinta-feira 24, os papéis fecharam em queda de 1% na bolsa de Paris.