07/05/2008 - 7:00
Calote
nunca mais
Os banqueiros fizeram a festa com a promoção do Brasil a grau de investimento pela agência de riscos S&P, na quarta-feira 30. As ações dos grandes bancos de varejo tiveram alta superior aos 6,3% alcançados pelo Ibovespa, que chegou a 67.868 pontos. Nada mais natural. Com o fantasma do calote soberano para trás, o otimismo dos investidores com a economia só aumentou. E quem usufrui como ninguém um ambiente de estabilidade com crescimento do crédito e dos investimentos? Eles mesmos, os bancos. Se lucram muito nos tempos difíceis, eles têm resultados melhores ainda nas épocas de bonança, quando os volumes de operações crescem e os riscos diminuem. Por isso, a S&P também elevou as notas de 10 bancos, com destaque para Bradesco e Itaú, ambas para BBB. No dia do anúncio, as preferenciais do Bradesco subiram 7,5% e as do Itaú, 8,4%. As units do Unibanco valorizaram 11,8% e as preferenciais do Banco do Brasil, 10,9%. No caso do Bradesco, o anúncio da S&P reverteu o mau humor do mercado com suas ações depois da divulgação do balanço trimestral. Os papéis estavam em queda, mesmo diante de um lucro de R$ 2,1 bilhões entre janeiro e março. Um dos motivos é que a rentabilidade sobre o patrimônio líquido caiu de 32,6% no ano passado para 28,7%. ?A tendência é que o retorno dos bancos em geral não se repita nos patamares de 32% e volte para o nível de 25%?, afirma o diretor Milton Vargas. ?A competição bancária está cada vez mais acirrada, o que implica na redução dos spreads e das tarifas bancárias?, diz Márcio Cypriano, presidente do Bradesco.
DESTAQUE NO PREGÃO Novo comando na Usiminas Mudanças importantes foram anunciadas pela Usiminas na semana passada. Depois de 18 anos no cargo, o presidente Rinaldo Campos Soares passou o bastão. Em seu lugar, assume em 5 de junho Marco Antônio Castello Branco, ex-executivo do grupo francês Vallourec. Até lá, o presidente interino será Omar Silva Júnior, diretor industrial da siderúrgica. A empresa também divulgou que ampliará o volume de investimentos no aumento da produção. Wilson Brumer, novo presidente do conselho de administração da Companhia, admitiu um aporte de R$ 8,4 bilhões que possibilitará um aumento da capacidade instalada para 14 milhões de toneladas de aço anuais até 2015. A produção atual chega a 9 milhões de toneladas/ano. PALAVRA DE ANALISTA Alan Cardoso, da Prosper Corretora, diz que a Usiminas tem o perfil de administração mais conservador das três maiores siderúrgicas do País (as outras duas são a Gerdau e a CSN). ?Com o novo presidente, imaginamos que eles venham adotar políticas mais agressivas para aumentar a rentabilidade?, afirma. Um exemplo dessa mudança foi a compra da mineradora J. Mendes, em janeiro, que passou a abastecer as usinas da empresa. ?O objetivo da nova administração vai ser buscar um crescimento mais acelerado.? A Usiminas PNA, cujo peso no Ibovespa é de 4,35%, subiu quase 24% no mês, até a quarta 30. |
PETRÓLEO
Combustível para a Petrobras
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, está rindo à toa. Saiu o aumento dos combustíveis vendidos às refinarias. Serão 10% para a gasolina e 15% para o diesel. É uma boa notícia para a empresa, que precisa de receitas crescentes para financiar os investimentos nas novas áreas da camada présal. ?Eles foram longe e recuperaram toda a defasagem dos preços. O reflexo disso é altamente favorável para o papel?, afirma Erick Scott Hood, analista da SLW. Para Luiz Otávio Broad, da Ágora, o impacto na cotação da blue chip é positivo, mas não muito significativo. ?O mercado já esperava o aumento?, diz. A reação dos investidores foi morna: Petrobras PN subiu apenas 3% na quarta 30, dia em que o Ibovespa cresceu 6%.
QUEM VEM LÁ
Novata no Novo Mercado
A Portobello não podia escolher melhor data para ingressar no Novo Mercado da Bovespa: quarta-feira, 30 de abril de 2008. Nesse dia, o Brasil passou para o clube dos países considerados grau de investimento pela agência Standard & Poor?s, o otimismo imperou na bolsa e o papel da empresa (PTBL3) disparou: alta de 6%, equivalente à do Ibovespa. ?Entramos bombando. Foi tudo muito bem planejado?, brinca o diretor financeiro, Mário Augusto Baptista. A migração para o mais alto nível de governança corporativa reflete a vontade de crescer com recursos do mercado de capitais, afirma o executivo. Quando for o momento adequado, a Portobello poderá voltar a captar recursos em bolsa. ?Não temos nada planejado no momento.? O mau desempenho da companhia (prejuízo de R$ 39 milhões em 2007) foi decorrente da valorização do real diante do dólar. As exportações, que significavam 2/3 das receitas, foram reduzidas para 1/3.
FIQUE DE OLHO A Portobello, fornecedora de peças de cerâmica, está no final da cadeia da construção civil. O boom do setor poderá favorecê-la no segundo semestre. Em 2008, o papel já caiu 48%.
TOURO X URSO
 Começar a semana depois de várias boas notícias era tudo o que o touro queria. O anúncio-surpresa da elevação do Brasil a grau de investimento deve aquecer a bolsa com novos investidores. A Bovespa bateu o recorde de pontuação (veja abaixo) e tem tudo para manter o desempenho ao longo da semana. O PIB americano de 0,6% no primeiro trimestre e a queda de 0,25 ponto percentual pelo FED vieram dentro das expectativas dos analistas. |  Compre no boato, venda no fato. Se o conselho antigo da bolsa ainda for levado em conta, o urso pode atacar novamente nesta semana. O otimismo dos investidores pode provocar uma rápida realização de lucros para quem conseguiu comprar os ativos em baixa. Atenção para dois anúncios sobre o setor de crédito nos EUA. Na quartafeira 7, serão conhecidos os índices de refinanciamento hipotecário e o desempenho do crédito ao consumidor. |
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
| O importante não é investir muito, mas investir sempre. A dica está no Guia de Investimentos da Caixa Econômica Federal. Para quem ainda está em dúvida de como começar a montar uma carteira, o ?Dinheiro em Caixa? desvenda os mistérios e mostra que o primeiro passo não está distante: pequenas economias nos gastos diários e disciplina nos depósitos são fundamentais para começar a construir seu patrimônio. |
| MERCADO EM NÚMEROS CSLL 9% de alíquota BROI 11,26% de queda SADIA R$ 30 milhões LE LIS BLANC 20% de recuo SULAMÉRICA R$ 33 milhões RANDON R$ 4 bilhões |
PERSONAGEM
O novo índice imobiliário
Vem aí um novo índice de ações. Ele ainda não tem nome nem composição definida. A única certeza é que o indicador irá sinalizar aos investidores a quantas andam as ações das empresas que atuam no mercado imobiliário. O setor foi um dos mais ativos na Bovespa nos últimos anos, com a entrada de muitas empresas. Para elaborar o índice, a Bovespa abriu uma consulta púbica e aceita sugestões a partir desta semana. Os interessados terão até o dia 2 de junho para participar, por meio de link especialmente criado no site www.bovespa.com.br. Ricardo Pinto Nogueira, diretor de operações da Bovespa, conversou com DINHEIRO sobre a novidade.
DINHEIRO ? Por que criar um índice imobiliário?
RICARDO NOGUEIRA ? Mais de 25 empresas do setor abriram capital. Existe demanda do mercado por um indicador como este, que existe em outras bolsas internacionais. Inglaterra, Estados Unidos, Israel e países nórdicos já criaram o seu. Queremos ouvir a opinião das empresas, dos gestores de fundos, das associações do mercado e dos investidores.
DINHEIRO ? Como ele seria no Brasil?
NOGUEIRA ? Ainda não sabemos. A consulta pública é exatamente para identificar as empresas com potencial para participar do índice nos setores e subsetores imobilários. Tem construção civil, construção pesada, materiais de construção, incorporação, intermediação.
DINHEIRO ? Empresas de participação em shopping centers, como a BR Malls, entrariam no índice?
NOGUEIRA ? Vamos discutir com o mercado. As receitas de um shopping não vêm da construção civil, mas do comércio. A idéia é que o índice tenha utilidade prática. Senão, será natimorto.
DINHEIRO ? Quem usaria tal índice?
NOGUEIRA ? Os gestores de investimentos, os analistas, as próprias empresas do setor. Muitos diretores financeiros e de relações com o mercado gostariam de ter um índice para comparar o desempenho da ação com a média setorial.
DINHEIRO ? E a metodologia?
NOGUEIRA ? Esperamos receber sugestões sobre a ponderação da carteira, o período de verificação da negociabilidade dos papéis e a presença deles no pregão. A idéia é auscultar e escutar o mercado. Se tivéssemos convicção, seria mais fácil, mas não temos.
DINHEIRO ? Um índice imobiliário reflete o comportamento econômico do País?
NOGUEIRA ? Acho que vai refletir um pouco as taxas de juros. Por que o setor imobiliário explodiu? Porque os juros caíram.
| PELO MUNDO
PREJUÍZO DA GM A montadora norteamericana divulgou seus resultados do trimestre no último dia 30: US$ 3,25 bilhões de prejuízo. No entanto, suas ações subiram 9,43% nesse mesmo dia. A razão? O mercado esperava perdas maiores. Só na América do Norte, a GM amargou mais de US$ 800 milhões no vermelho. O CEO, Rick Wagoner, atribuiu o desempenho ao desaquecimento da economia dos EUA e à greve de um de seus principais fornecedores de aço. VAREJO EM ALERTA A mesma desaceleração econômica que parece ser a causa de todos os males das empresas dos EUA também afeta os fabricantes de produtos de varejo. A Colgate-Palmolive divulgou uma queda de 4% em seus lucros do trimestre. As ações da empresa caíram 7% em apenas um dia. BRITISH SONDA OS EUA A British Airways anunciou um acordo de cooperação com a American Airlines e a Continental Airlines. A joint venture serviria para reforçar a presença das três companhias na América Latina. O CEO da British, Willie Walsh, não deu detalhes do negócio e disse que o fará quando achar apropriado. Na quarta 30, dia do anúncio, as ações da companhia inglesa subiram 2,25% em Londres. CITI EMITE O Citigroup anunciou na última quarta- feira 30, a emissão de US$ 4,5 bilhões em 178 milhões de novas ações. Foi 50% a mais do que o grupo havia inicialmente previsto. A captação tem o objetivo de restaurar forças para o Citi, que saiu extremamente machucado da crise do crédito. Mas no dia da emissão, quartafeira, os papéis não empolgaram. A queda foi de 4% |
Colaborou Ana Clara Costa e Márcio Kroehn
