28/05/2008 - 7:00
PAPÉIS AVULSOS
Sucessão na Bolsa
Nem Magliano, nem Cintra Neto. O novo presidente do conselho de administração da BM&F Bovespa, companhia resultante da fusão das Bolsas de Valores e de Futuros, é Gilberto Mifano, atual diretor-geral da Bovespa. Seu colega na BM&F, Edemir Pinto, foi alçado a presidente executivo da nova empresa. A decisão foi comunicada ao mercado na noite da terçafeira 20 e encerrou as especulações sobre quem mandaria na superbolsa brasileira. Os corretores Raymundo Magliano, da Bovespa, e Manual Félix Cintra Neto, da BM&F, deixaram as vaidades de lado como prometeram e abriram mão do poder, permitindo a profissionalização nos dois níveis mais altos da gestão. Ponto para ambos – e para o mercado. Cintra Neto terá assento no conselho e Magliano contentou-se em cuidar somente do Instituto Bovespa de Responsabilidade Social e Ambiental, uma de suas maiores paixões. São muitos os desafios de Gilberto Mifano e Edemir Pinto. Executivo de mão cheia, Mifano está acostumado com o dia-adia e terá de cuidar mais da estratégia, deixando espaço para o novo presidente trabalhar. E Edemir tem agora um trabalho bem mais complexo e relevante: a terceira maior bolsa do mundo. Será que vai funcionar? “Certamente que sim. Vai dar uma boa dobradinha”, diz Walter Machado de Barros, presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, o IBEF-SP. Neste mês, até o dia 21, as ações da Bovespa Holding subiram 13%. E as da BM&F, 10%.
EDEMIR PINTO, presidente da BM&F Bovespa | ![]() |
DESTAQUE NO PREGÃO A recente entrada no Novo Mercado da Bovespa está dando resultados para a Magnesita. Nos últimos 30 dias, as ações ordinárias da empresa (MAGG3) subiram nada menos que 66%. Em maio, até o dia 21, a cotação aumentou 38%, para R$ 24,05. Sob o comando de Ronaldo Iabrudi, da GP Investimentos, a empresa mineira – que em 68 anos de existência nunca havia divulgado um orçamento anual – aposta num futuro mais transparente e promissor. Produz 580 mil toneladas de refratários por ano e detém 80% do mercado latino-americano. Sem refratários, não se faz o aço, e aí está o seu maior trunfo nesses tempos de alta demanda e crescimento. O objetivo da GP é transformar a Magnesita na maior fabricante de refratários do mundo. PALAVRA DE ANALISTA Alexandre Falcão, chefe de pesquisa de middle e small caps do Morgan Stanley para a América Latina, incluiu a Magnesita em sua carteira de análise há duas semanas. “A companhia mudou muito seu departamento de RI. Está mais transparente, abriu as portas, fez conferência de acionistas em inglês. Agora, está atendendo o mercado, o que antes não fazia”, revela Falcão. Sobre a súbita explosão da ação da empresa mineira, o analista acredita que há uma boa influência da demanda de investidores institucionais do Brasil e do Exterior. “A Magnesita agora está no radar desses investidores e isso gerou liquidez”, explica. Ele recomenda a compra da ação, com preço-alvo de R$ 33. |
GOL
Vôo turbulento
Na bolsa, o sonho aéreo da família Constantino virou pesadelo. As ações preferenciais da empresa acumulam desvalorização de 57% em doze meses. Em 2008, a baixa alcançava 43% até a quarta-feira 21, quando bateu em R$ 24,82 por ação. Não bastasse a dificuldade em rentabilizar a compra da Varig, a empresa ainda sofreu com a crise aérea. No início do ano, a queda nas taxas de ocupação também prejudicou os resultados do trimestre. O prejuízo foi de R$ 74,1 milhões. “A Varig tornou-se um problema. A marca mostrou- se menos valiosa do que parecia”, aponta Caio Dias, analista da corretora do Santander. Além disso, o preço do petróleo sobe sem parar e pode causar danos maiores no balanço da empresa. O Santander recomenda a manutenção do papel, com preço-alvo de R$ 32,40.
QUEM VEM LÁ
Recuo capixaba
O Banestes retirou da Comissão de Valores Mobiliários, na terça-feira 20, o pedido de registro de sua distribuição primária e secundária de ações. No comunicado ao mercado, o motivo: “as condições instáveis verificadas nos mercados financeiros e de capitais de todo o mundo nos últimos meses”. Na verdade, o governo do Estado do Espírito Santo, controlador do Banestes, não abortou definitivamente a operação. Como a CVM não aceita prorrogações superiores a 60 dias, apenas seguiu o protocolo. “Não desistimos, mas o mercado não está comprador e não queremos embarcar em uma aventura”, afirma o presidente do banco, Roberto da Cunha Penedo.
FIQUE DE OLHO A Visanet ensaia sua abertura de capital há algum tempo. Deixou claro que seria após o IPO da Visa nos EUA. Mas até agora não sinalizou em quanto tempo fará o seu próprio. Rubén Osta, atual presidente da Visa e ex-presidente da Visanet, acredita na empresa como uma ótima candidata a engatinhar no pregão, mas não quis dar detalhes sobre a nova tacada em sua última aparição à imprensa, na semana passada.
TOURO X URSO
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EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Todo cuidado é pouco. Em menos de um mês, o Ibovespa, índice que mede as ações mais líquidas da bolsa, bateu nove recordes e superou os 73 mil pontos.A Petrobras PN, que corresponde a 14,14% do índice, teve alta de 24,4% só em maio. Entrar na bolsa nesse momento exige muita atenção e visão estratégica. É preciso analisar quais empresas continuam com potencial de valorização, mesmo após altas significativas. |
MERCADO EM NÚMEROS PETROBRAS US$ 287 bilhões POSITIVO R$ 999 cada SIDERURGIA 65% de alta SELIC 13,75% ao ano |
PERSONAGEM
A recuperação da Even
Como muitas das empresas novatas da Bovespa, a Even Construtora e Incorporadora viu suas ações dispararem após o IPO, para depois derreterem com a crise do crédito imobiliário dos Estados Unidos (subprime). Lançadas a R$ 11,44 em março de 2007, as ações ordinárias oscilaram entre R$ 20,30 e R$ 9,05 no último ano. Em 30 dias, subiram 19% e voltaram ao patamar de R$ 11,85, na quarta 21. Na véspera, a empresa divulgou o balanço trimestral, com lucro líquido de R$ 14,6 milhões, cifra 859% superior à do mesmo período de 2007. O presidente da empresa, Carlos Terepins, falou à DINHEIRO.
DINHEIRO – Como o sr. explica a recuperação do papel na bolsa?
CARLOS TEREPINS – É o reconhecimento do mercado pelo trabalho da empresa. Como muitas companhias do setor se lançaram ao mesmo tempo na Bolsa, o mercado demora um pouco para se ajustar e fazer comparações. Nesse processo de amadurecimento, certamente estaremos no grupo das bem avaliadas.
DINHEIRO – Como avalia o lucro trimestral?
TEREPINS – O lucro isolado sempre deve ser visto com cuidado, pois não reflete tudo o que acontece na empresa. Significa que começamos o ano muito bem. Já vendemos mais de R$ 500 milhões. Como as vendas são diferidas, os resultados só irão aparecer nos próximos trimestres.
DINHEIRO – A alta dos índices de inflação pode afetar o negócio da Even?
TEREPINS – Se houver alta dos juros para conter a inflação, isso pode afetar o funding do crédito imobiliário, que é a poupança. Não trabalhamos com um cenário de esfriamento da economia. A demanda é crescente e o crédito imobiliário está cada vez mais fácil e diversificado.
DINHEIRO – E a pressão dos custos, não afeta as perspectivas de lucros?
TEREPINS – Existe pressão de custos, mas temos um hedge natural, que é a correção das parcelas dos clientes pelo INCC até a entrega das chaves. O custo da mão-de-obra de pedreiro, carpinteiro e servente subiu 8,5% e o INCC aumentou 6,62% em 12 meses. Vamos ter que administrar isso e encontrar soluções, como o aumento da tecnologia e a redução do uso intensivo da mão-de-obra, as parcerias com outras empresas.
DINHEIRO – Por que criou uma nova empresa própria de vendas?
TEREPINS – Ainda temos a parceria com a Lopes, mas queremos ter mais um canal de escoamento de nossos produtos. Neste ano, aumentaremos os lançamentos em 20% a 25%, para R$ 2,2 bilhões.
PELO MUNDO
ERRO CRASSO
O DIVÓRCIO DA TIME | |||
Colaboraram: Ana Clara Costa e Márcio Kroehn