23/12/2009 - 8:00
PAPÉIS AVULSOS
O investidor brasileiro ganhará uma nova opção para balizar seus investimentos. O Índice de Carbono Eficiente, anunciado pela BM&FBovespa e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em Copenhague, durante a CoP-15, na terçafeira 15, deverá entrar em vigor no final de 2010 ou no início de 2011. A ideia, segundo a diretora de sustentabilidade da bolsa, Sônia Favaretto, é que os investidores possam conferir os desempenhos financeiro e ambiental das companhias. Para isso, o já apelidado ?índice verde? será referenciado no IBrX-50, que lista as 50 ações mais negociadas da bolsa, e medido pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) dessas companhias. A metodologia está em análise, mas a tendência é dividir a quantidade de GEE pela receita das empresas. ?Estudos preliminares mostram que o novo índice está descolando 2% do original, mas esta não é uma promessa de rendimento?, disse Sônia à DINHEIRO. Para incentivar as companhias a fazer o inventário de emissões de gases de efeito estufa, uma consultoria contratada pela bolsa irá orientar as interessadas. Dos 50 papéis listados no IbrX-50, apenas 14, dentre eles Vale e Bradesco, calculam estas informações.
DESTAQUE NO PREGÃO
Petrobras se rende a Evo
O termo aditivo ao contrato de importações de gás entre a Petrobras e a estatal YPFB garantirá à Bolívia de Evo Moralez um ganho adicional de pelo menos US$ 1,2 bilhão até 2019. Com a mudança, prevista desde 2007, a companhia brasileira passará a pagar mais por subprodutos nobres do gás boliviano, como propano, butano e gasolina natural, que podem ser separados e vendidos no mercado por um valor mais alto.
PALAVRA DE ANALISTA
A alta do petróleo e o présal tendem a trazer muito mais ganhos para as ações da Petrobras. Mesmo que repasse a alta para o consumidor, o acordo com a Bolívia tem pouco efeito nos papéis da estatal, segundo Lucas Brendler, do banco Geração Futuro. O preçoalvo de R$ 47,24 mostra espaço para ganhos de até 28,1% em um ano.
LAEP
Laep nas alturas
A ação da Laep, dona da marca Parmalat no Brasil, subiu 59% na semana passada, contra -3,3% do Ibovespa. A Laep, dirigida por Marcos Elias, não divulgou nenhum fato relevante porque não há transação em curso A assembleia de acionistas, na segunda- feira 21, trataria de temas cotidianos da empresa, como a reestruturação dos débitos. O que explicaria o desempenho? O baixo valor unitário do papel, que iniciou a semana a R$ 0,63, facilita a compra de grandes lotes e o rápido gatilho no preço. É uma maneira de os especuladores atraírem investidores desatentos para lucrar rapidamente.
QUEM VEM LÁ
Com medo da CVM
Quatro novas companhias anunciaram o registro de emissões de ações na reta final de 2009: M. Dias Branco, Cruzeiro do Sul, Inpar e Metalfrio Solutions. A correria tem um motivo: as companhias querem escapar da nova instrução da CVM, assinada pela presidente Maria Helena Santana na segunda-feira 7. A instrução 480, que substitui a 202, será mais rígida com as companhias. A xerife do mercado financeiro vai exigir um número maior de informações para quem quer captar recursos através da emissão de ações, o que pode atrasar os planos das apressadinhas.
FIQUE DE OLHO: Outra empresa que anunciou uma oferta de ações foi a Multiplus, subsidiária da TAM. A companhia é responsável por uma rede de fidelização de clientes e pelos programas de milhagem da aérea.
TOURO X URSO | |
A principal preocupação do mercado em 2010 é a retomada da alta dos juros nos Estados Unidos. O Ibovespa caiu 2,27% na quinta-feira 17, repercutindo o comunicado do Federal Reserve, que apresentou uma avaliação mais otimista da economia, que sinaliza a possível alta de juros. Por outro lado, a baixa utilização da capacidade instalada, a inflação sob controle, a riqueza das famílias deprimida e o desemprego ainda alto podem fazer com que a taxa americana permaneça estável por um bom tempo. As quedas, portanto, podem ser uma oportunidade de compra de ações. Nesta semana, dados da renda e gastos pessoais, a ser divulgados na quarta-feira 23, darão mais pistas sobre os próximos passos do banco central americano. |
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Que tal ajeitar a vida financeira em cinco meses? Este é o prazo sugerido pela americana Suze Orman às mulheres em ?As mulheres e o dinheiro ? Controle o próprio destino? (Nova Fronteira). Para começar, reorganizar as finanças exige o reconhecimento dos erros.
MERCADO EM NÚMEROS
PERSONAGEM
?Somos os financiadores dos pobres?
A reação positiva dos investidores ao acordo entre o Banco PanAmericano e a Caixa Econômica Federal tem dois bons motivos. A instituição financeira do Grupo Silvio Santos ganhou o reforço de todas as agências e correspondentes bancários da Caixa em todo o Brasil e terá acesso a recursos mais baratos para ampliar sua carteira de crédito. ?Muita gente quis comprar o banco, mas não queríamos vender. Queríamos uma parceria?, diz Luiz Sandoval, presidente do Grupo Silvio Santos e do conselho do banco. A Caixa comprou 49% do PanAmericano.
DINHEIRO – Com o acordo, a Caixa entrou em mercados em que não atuava, como crédito imobiliário e financiamento a veículos. Quais os ganhos para o PanAmericano?
LUIZ SANDOVAL – A capilaridade, a credibilidade e o mesmo público-alvo. Além, é claro, de uma captação com custo menor. Os grandes bancos captam com uma taxa de risco melhor. Nós, de porte médio e pequeno, pagamos caro. Esse custo está na ponta do juro do financiamento.
DINHEIRO – É possível calcular esses ganhos?
SANDOVAL – O PanAmericano empresta R$ 30 milhões por dia e vai dobrar em menos de um ano após a parceria com a Caixa. Só com uma taxa menor se ganha mercado. É possível praticar juros no financiamento 20% menores do que os outros bancos praticam. Trabalho nesse sentido.
DINHEIRO – A Caixa poderá assumir o controle do Pan?
SANDOVAL – Não, o acordo prevê o nosso controle. O direito de preferência é nosso.
DINHEIRO – Qual é o futuro dos bancos médios?
SANDOVAL – A tendência dos bancos médios é se fundirem, como está acontecendo no varejo. A megafusão entre Pão de Açúcar e Casas Bahia provocou as redes menores. Inclusive já estou revendo o modelo do Baú Crediário, a nossa rede de varejo. Em varejo é comprar bem e vender bem. É possível ver a união de duas ou três menores daqui para a frente. Os bancos menores precisarão fazer isso também.
DINHEIRO – Como o sr. vê o banco daqui a cinco anos?
SANDOVAL – Com crescimento exponencial. São 80 milhões de desbancarizados. A Caixa é baixa renda como nós. Somos os financiadores dos pobres.
AVISO ? Esta seção tem caráter meramente informativo e seu conteúdo não deve ser interpretado como recomendação de investimentos. A revista DINHEIRO não se responsabiliza por decisões de investimento tomadas por seus leitores. O autor detém ações das seguintes empresas: Banco do Brasil, BM&FBovespa, Bradesco, Fleury, Itaú Unibanco, Petrobras, Santander Brasil, Usiminas e Vale.
PELO MUNDO
Competição freia BestBuy
As ações da Best Buy, maior varejista de eletrônicos dos EUA, caíram 8,46% na terça-feira 15, após a divulgação das expectativas da empresa de uma margem bruta menor no quarto trimestre. A forte competição, segundo a companhia presidida por Brian Dunn, deverá pressionar os preços de computadores e televisores.
Citi paga ao governo
O Citigroup anunciou seu plano de venda de 5,4 bilhões de ações a US$ 3,15. Com os US$ 17 bilhões que devem entrar em seus cofres, o Citi quitará boa parte da dívida de US$ 20 bilhões com o fundo público do governo, que serviu para evitar o colapso do sistema financeiro no segundo semestre do ano passado.
Cinto Apertado
A Renault anunciou seus planos de redução de despesas para 2010. A montadora francesa permanecerá na Fórmula 1 após vender parte da equipe para o fundo Genii Capital. O corte de custos também deverá se refletir nos carros de passeio: estão avançadas as negociações com a alemã Daimler.
VALE
US$ 4 bilhões
é o orçamento da Vale para as obras da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará. A previsão é produzir três milhões de toneladas de placas de aço no início das operações em 2013.
FLEURY
6% de alta
foi a valorização da ação do Fleury nas primeiras horas de sua estreia na bolsa, na quinta- feira 17. No encerramento do dia, o papel fechou em alta de 14%.
RODOBENS
R$ 100 milhões
é o total da emissão de 10 notas promissórias da Rodobens. O dinheiro vai reforçar o capital de giro da empresa. A remuneração será de 113% da taxa DI.
MMX
US$ 400 milhões
é o valor que a chinesa Wisco pode desembolsar por 21,5% do capital social da MMX. O negócio será feito com a subscrição de ações.
VIVO
R$ 104,1 milhões
é o total de juros sobre o capital próprio que a Vivo distribuirá para seus acionistas, ou R$ 0,22 para cada ação.
SUZANO
R$ 311 milhões
é o reforço de caixa da Suzano com a venda de 50 mil hectares de terra em Minas Gerais. Segundo a empresa, seus negócios não serão afetados.