PAPÉIS AVULSOS

Quem vai furar a bolha?

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George Soros,
megainvestidor

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Duas perguntas rondam a cabeça dos investidores em ações: será que as bolsas vivem uma nova bolha? Ainda dá tempo de entrar e ganhar dinheiro? Os números são convidativos. Na quarta-feira, o Dow Jones Industrial, clássico índice da bolsa de Nova York, voltou a ultrapassar a barreira dos 10.000 pontos e atingiu o maior nível desde outubro de 2008. No Brasil, o Ibovespa superou os 66.000 pontos. O megainvestidor George Soros não perde uma oportunidade como essa. ?Sempre que há bolhas de ativos eu compro, na expectativa de vender antes de os preços despencarem?, afirmou Soros há duas semanas em Istambul. Quem olha para trás ainda vê espaço para novas altas. O Dow Jones ainda está quase 30% abaixo do recorde anterior (14.164,53 pontos) e o Ibovespa encontra-se 9,3% abaixo do último pico (73.516 pontos). O mesmo não pode ser dito com absoluta certeza quando se olha para a frente. O mundo é outro, bem menos exuberante, e as perspectivas de retomada do crescimento global são frágeis. O fantasma da depressão econômica foi afastado, mas os riscos de uma recaída continuam muito altos. O Brasil deverá crescer no mínimo 5% em 2010, o que o coloca como destino preferencial dos investidores estrangeiros. Mas eles andam em manada e, assim como têm vindo, podem bater em retirada de repente, como fizeram em 2008. Todo cuidado é pouco.

DESTAQUE NO PREGÃO

Pão de mel

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As ações do Pão de Açúcar subiram 79% este ano, até a quinta-feira 15. Será que há espaço para subirem mais ainda? O empresário Abilio Diniz, presidente do conselho de administração, espera que sim. Os negócios da rede estão a todo o vapor, com crescimento na casa dos dois dígitos trimestre após trimestre. No terceiro de 2009, foram vendidos R$ 6,8 bilhões brutos, crescimento de 35,8% sobre o mesmo período do ano passado. O faturamento bruto de R$ 17,7 bilhões foi 19,2% maior que seu espelho em 2008. A incorporação do Ponto Frio, ponto de atenção para os investidores (leia Palavra de Analista), segue firme. Na semana passada, o Pão de Açúcar assinou um contrato de US$ 115 milhões com a fornecedora de tecnologia IBM. O pensamento é integrar todos os sistemas para acelerar o crescimento.

PALAVRA DE ANALISTA

A grande dúvida que ronda o Pão de Açúcar é como será digerida a estrutura do Ponto Frio, o que só deve ser sentido nos resultados de 2010. Em 2009, a redução do IPI impede a visualização do real potencial de venda de eletroeletrônicos. Porém, essa aquisição foi vital para a diversificação da linha de negócios. E para enfrentar o crescimento da concorrência, sobretudo do Walmart. ?Ficar só com a venda de alimentos diminui muito o potencial do mercado de consumo, que quer diversificação e comodidade?, diz Peter Ho, analista da Brava Investimentos. Em relatório, o Barclays elogiou os resultados e classificou o desempenho na bolsa como “acima do setor.”

DÍVIDA
Sinal verde para a Localiza

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As perspectivas de aumento do turismo internacional no Brasil estão fazendo bem para a Localiza. O Bradesco anunciou, na semana passada, o início da cobertura das ações da locadora de veículos, com recomendação de compra (outperform). É a 14a. instituição a ficar de olho no papel, que acumula alta de 180% neste ano. Nos resultados do terceiro trimestre, a companhia presidida por Salim Mattar fez um ajuste no perfil de sua dívida. Captou R$ 400 milhões em debêntures com vencimento em 2016. Esses recursos servirão para antecipar o pagamento de R$ 300 milhões dos mesmos títulos que venceriam em 2011 e propor a liquidação antecipada das debêntures com vencimento em abril de 2010.

 

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QUEM VEM LÁ

Temporada de balanços

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A maratona começa nesta semana. O investidor precisará de paciência e tempo para acompanhar os balanços do terceiro trimestre das empresas abertas. Na semana passada, algumas companhias já apresentaram seus resultados ? muitas delas com cifras acima do esperado, como o Pão de Açúcar, que informou vendas robustas (leia Destaque no Pregão). Mas o grande volume ainda está por vir. Natura, Redecard, Usiminas, Telemar e Suzano serão as principais ao longo desses cinco dias. Na última semana de outubro será a vez de Bradesco, Vale e BRFoods concentrarem as atenções. As expectativas estão nos bancos, que devem diminuir suas provisões contra inadimplência, e no peso das exportações para siderúrgicas e mineradoras.

FIQUE DE OLHO: A oferta da Cetip está no forno, pronta para sair. O início do período de reserva estava programado para a terça-feira 20.

TOURO X URSO

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A semana começa com o vencimento de opções sobre ações, série J, o que deve provocar muita volatilidade durante todo o pregão da segundafeira 19. Entre os dias 21 e 22, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC faz a penúltima reunião do ano. O debate deve se concentrar sobre o ajuste da taxa de juro no ano que vem para evitar a alta da inflação. Para este ano, não são esperadas mudanças na Selic.

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Os debates sobre a letra do alfabeto que marcará a recuperação econômica global continuam. Será em V, W, U? Muitas das respostas estão na retomada da economia americana, que poderá ser medida com a divulgação do livro bege do Fed, na quarta-feira 21. Nessa reta final do ano, é importante ficar atento na quinta-feira 22 aos pedidos de auxílio-desemprego para o governo de Barack Obama e à letra C dos Brics, a China, que apresenta o PIB real do terceiro trimestre.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

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O tempo é o senhor da razão. Antes de comprar uma ação verifique em quantos anos você irá receber o dinheiro de volta como dividendos. O indicador P/L (preço dividido pelo lucro) é usado para isso e sugere se uma ação está cara ou não. Quanto mais alto for o número, pior. Os analistas calculam o P/L com base em projeções de resultados, que podem não se confirmar.

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MERCADO EM NÚMEROS

ROSSI
928 milhões
foi a captação final da Rossi Residencial na Bovespa. Participaram da emissão 54.342 pessoas físicas, 52 clubes e 176 fundos. Os estrangeiros ficaram com 72,5% das novas ações.

OGX
1,5 bilhão
de barris é o potencial máximo de óleo encontrado pela OGX na primeira perfuração do seu poço na Bacia de Campos (RJ).

LUPATECH
US$ 200 milhões
é o potencial de faturamento da Lupatech no acordo com a V&M do Brasil, com duração de cinco anos. Antes de receber, porém, a Lupatech terá que investir US$ 5 milhões.

TOTVS
R$ 12 milhões
foi quanto a Totvs pagou pela Hery Software, franquia de distribuição da Datasul (já incorporada). A aquisição depende do aval do Cade.

SLC AGRÍCOLA
R$ 4,94 milhões
foi o total pago pela SLC Agrícola na aquisição de 13,6 mil hectares de terras em Mato Grosso e no Maranhão.

BB
US$ 1,5 bilhão
foi o total captado pelo Banco do Brasil na emissão de bônus perpétuos, que pagarão juros de 8,5% ao ano para o investidor.

JHSF
R$ 198 milhões
recebeu a JHSF pela venda dos seus direitos de exploração do Shopping Metrô Santa Cruz. A BR Malls é a nova detentora desses direitos.

PERSONAGEM
?RI
é assunto sério no Brasil?

O especialista americano William Mahoney chega ao Brasil nesta semana para mais uma pregação às companhias brasileiras sobre a importância do departamento de relações com investidores, o RI. Autor do Manual do RI, espécie de bíblia do setor, ele vem a convite do IBRI e da FGV. Mahoney falou à DINHEIRO:

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Muitas empresas usam o período de silêncio como desculpa para não se comunicar

DINHEIRO – Como avalia a atividade de RI no Brasil?
WILLIAM MAHONEY – Houve avanços significativos nos últimos anos. Há muita seriedade. Uma característica única do Brasil é a obrigatoriedade de haver um profissional de RI nas empresas abertas. É uma boa ideia. Não é assim nos EUA.

DINHEIRO – Os diretores financeiros são muito ocupados e, no Brasil, muitos acumulam a posição de RI. Isso não é ruim?
MAHONEY – Sim. Como eles não podem dedicar-se em tempo integral à atividade de RI, seria mais valioso para a empresa ter um profissional destacado para isso.

DINHEIRO – Quais empresas têm departamentos-modelo de RI?
MAHONEY –Nos EUA, alguns setores se destacam, como o farmacêutico e o de tecnologia. Intel, IBM, Microsoft são muito proativas. No Brasil, a Petrobras é um bom exemplo.

DINHEIRO – O blog da Petrobras causou polêmica com as empresas de comunicação. É uma boa ideia?
MAHONEY – Em princípio, o blog oferece a oportunidade de ajudar a comunicação entre os investidores e a companhia. Preocupa-me o fato de a empresa publicar na internet as respostas às questões dos jornalistas antes que eles publiquem suas matérias. Os jornalistas que fazem a sua lição de casa devem ser respeitados e ter a oportunidade de publicar antes seus artigos. Outra questão é se a informação fornecida pela empresa nessas respostas é considerada material, ou seja, importante o suficiente para que oriente uma decisão de investimento.

DINHEIRO – Por quê?
MAHONEY – Essas informações, por lei, devem ser distribuídas de forma ampla para alcançar o maior número de investidores ao mesmo tempo. Conforme as perguntas, o mais inteligente para a empresa é não fornecer informações materiais ? como desempenho financeiro, grandes contratos e eleição do CEO, por exemplo ? no blog.

DINHEIRO – Que tipo de informação se pode esperar do RI?
MAHONEY – Nada que ultrapasse a linha de transparência máxima desenhada pelos gestores, nem informações que beneficiem os concorrentes. O importante para os investidores é entender a estratégia da empresa, as ambições, a posição competitiva.

DINHEIRO – Muitas empresas se fecham completamente em épocas de emissões, alegando respeito ao chamado período de silêncio. Não é uma reação exagerada?
MAHONEY – É verdade. Muitas usam o quiet period como desculpa para não se comunicar. As leis deveriam ser muito detalhadas sobre o que pode ou não ser divulgado.

PELO MUNDO

Madoff

Dois investidores de Nova York, Phyllis Molchatsky e Steven Schneider, abriram processo judicial contra a SEC, xerife do mercado de capitais americano. Eles querem que a agência federal cubra o prejuízo que tiveram com a megafraude do gestor Bernard Madoff. A acusação é de negligência: mesmo alertada, a SEC não fez nada para impedir a fraude durante três décadas.

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Xstrata

A mineradora suíça Xstrata retirou na quarta-feira sua proposta de fusão com a rival Anglo American. As ações das duas empresas caíram muito (2,7% e 4,8%, respectivamente) após o anúncio.

JP Morgan e Goldman

Os grandes bancos americanos voltaram a publicar balanços invejáveis na semana passada. O lucro do JP Morgan no terceiro trimestre cresceu quase sete vezes em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 3,59 bilhões. No Goldman Sachs, o resultado chegou a US$ 3,19 bilhões no mesmo período.

Citigroup

O gigante Citigroup fechou o terceiro trimestre com um lucrinho de US$ 101 milhões. ?Fortalecemos nossas fundações. Olhamos para o futuro com capital e liquidez fortes?, afirmou o presidente

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Vikram Pandit.