O Google Glass pode ser o mais conhecido, mas não é o único óculos inteligente do mercado. A Epson, mais conhecida por suas impressoras domésticas, também quer participar do segmento de equipamentos vestíveis, a nova coqueluche das empresas de tecnologia, com novas versões de óculos e de relógios para monitoramento das funções vitais e performance esportiva. Em visita à sede da Epson, em Nagano, no Japão, a DINHEIRO experimentou o Moverio BT-200, que chega ao mercado nesta sexta-feira 13, no Japão, e até o fim do mês no mercado americano, ao preço de US$ 699. Não há previsão de quando eles serão vendidos no Brasil.

Enquanto o produto do Google tem apenas uma armação e uma tela na lateral, o da Epson parece mesmo um óculos com lentes de grau – bem grosso e pesado e com visual que ainda deixa a desejar, apesar da melhora em relação modelo anterior, lançado com discrição no ano passado. A imagem é projetada nas duas lentes, dando a impressão de que se assiste a um filme num telão privativo no meio da sala. Literalmente no meio, já que a imagem é projetada a uma distância de cerca de 15 metros. O som que chega pelos fones de ouvido é excelente e faz o usuário se sentir no meio da ação.

Apesar de ser possível ver, ao mesmo tempo, o que acontece ao redor, a combinação da imagem e do som permite uma imersão tão grande no que se está assistindo que é fácil ignorar o mundo real e se envolver completamente com a imagem mostrada na tela. Também é possível navegar na internet e ver vídeos no youtube. Os comandos sao acionados passando o dedo no controle, ligado aos óculos por um fio, que funciona como uma espécie de mouse, bastante sensível e fácil de usar. Como no caso do Google Glass, também é possível filmar que se vê, mas uma luz avisa que esta função está sendo usada, para evitar acusações de invasão de privacidade.

A Epson imagina usos bem mais sofisticados no futuro para o produto, como cirurgias, reuniões à distância e desenvolvimento de peças ou equipamentos industriais, além de legendas particulares em eventos como ópera, por exemplo, ou informações num museu. Como no caso dos aplicativos para celular, os novos usos estão sendo desenvolvidos por parceiros, e vai depender desses aplicativos a transformação do Moverio num instrumento capaz de mudar a maneira como se vê certas coisas ou apenas numa curiosidade. Por enquanto, existem cerca de 20 disponíveis, e a maioria dá ao aparelho funções que já existem nos smartphones.

A grande mudança é maior mobilidade. Em vez de segurar o aparelho com as mãos, ele está apoiado no nariz, “vestindo o usuário”. A imagem, é claro, é muitas vezes maior do que a de um smartphone. “O Moverio junta tanto as funções de entretenimento quanto de acesso à informação”, afirma o diretor de operações da Divisão de Produtos Visuais da Epson, Atsushi Otera. “Ele permite acessar informações de forma mais conveniente e confortável”, afirma.

A Epson já tinha lançado uma primeira versão do óculos inteligente, mas vendeu apenas cem unidades. Agora, a expectativa é vender 2 mil aparelhos por mês, embora a empresa não tenha uma estimativa do tamanho do mercado potencial. A justicativa para as vendas tão baixas do modelo anterior é que ele não era muito conhecido. De fato, o lançamento foi feito com discrição. E o mesmo está acontecendo agora, já que não está prevista uma grande campanha de divulgação. É o estilo japonês de fazer as coisas. Nas mãos de um Steve Jobs, o Moverio já teria lista de espera e as lojas teriam consumidores dormindo na porta à espera da abertura.