Não está fácil ganhar dinheiro com o varejo. As principais redes de supermercados do País estão tendo que se desdobrar para conseguir obter os resultados dourados da época da hiperinflação, quando o reajuste de preços garantia a saúde do negócio. Que o diga o Pão de Açúcar, a líder do setor. No ano passado, o lucro líquido da empresa foi de R$ 257 milhões, 30% menor que no ano anterior. Para enfrentar a situação adversa, o grupo está atento a oportunidades que levem a empresa a recuperar a lucratividade. Depois de se associar à francesa Casino, em 2005, trocar de presidente e promover um corte de custos radical, a companhia está apostando nos serviços e produtos de grande valor agregado. O hipermercado Extra, por exemplo, vende móveis, o Pão de Açúcar tem sushiman de plantão e o CompreBem, o braço popular do grupo, serve almoço e lanches rápidos. A última novidade é o lançamento da Taeq, linha voltada para o bem-estar, composta por alimentos, vestuário esportivo, produtos de beleza e artigos para a casa, que começa a ser vendida em todas as bandeiras da rede em outubro. A iniciativa custou R$ 20 milhões, mas deve render dez vezes este valor até o ano que vem, quando a marca estará em 350 itens, produzidos por 60 empresas.

A briga por mais espaço nas prateleiras dos produtos naturais não poupa nem gente da família. Lucília Diniz, irmã de Abílio Diniz, presidente do conselho administrativo do grupo, terá na marca Taeq uma forte concorrente para a sua linha Good Light, que passará a ser comercializada em redes como Wal-Mart e Carrefour. A começar pelo preço dos produtos da Taeq, que custarão até 10% mais em conta que o praticado pelos líderes na categoria. ?A Taeq não substitui a marca Good Light, nem deve prejudicar as suas vendas. Mas, concorrência não faz mal a ninguém?, diz Claudia Pagnano, diretora de marketing do grupo. Os planos para a Taeq não páram por aí. O próximo passo será a abertura de lojas próprias da marca ? serão três até o final do ano, dentro de unidades da rede ? e a internacionalização da linha. ?A busca pela vida saudável está no DNA da nossa família?, diz Abílio.

A marca própria é uma das principais apostas do grupo no médio prazo. Hoje, eles já representam 10% do faturamento das respectivas categorias e devem chegar a 20% em 2010. ?A marca própria é uma das plataformas do grupo para aumentar o lucro e fidelizar o cliente, o que só se consegue com itens de valor agregado?, afirma a diretora Claudia.