24/10/2025 - 14:06
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino relembrou uma tentativa de invasão ao prédio da Corte ocorrida em setembro. Durante sua fala em evento do Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) nesta quinta-feira, 23, em Brasília, ele brincou que o decano Gilmar Mendes seria “o primeiro” a ser atacado por ser o que atualmente está há mais tempo no tribunal.
“Outro dia chegou um lá na porta do Supremo, pulou as grades e disse: ‘Eu vim aqui matar Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Flávio Dino’. E aí foi aquela confusão, corre a segurança, prende, etc”, relatou.
“Depois, um ministro comenta com o outro. Eu disse: ‘Queridos, vamos botar na porta do Supremo a placa com os nomes de todos os juízes e vamos colocar em ordem de antiguidade, e exigir que essas pessoas respeitem a antiguidade. O Gilmar vai primeiro, eu sou o último’, porque até lá dá tempo de eu correr”, brincou.
O episódio mencionado aconteceu em setembro. Na ocasião, um homem foi detido ao se aproximar de uma das entradas do tribunal e exigir ser levado a um dos ministros. De acordo com a revista Veja, ao revistá-lo a polícia encontrou uma faca de açougue.
Em painel sobre o novo regime de proteção do ECA Digital e dos impactos para o Marco Civil da Internet do 18º Congresso de Direito Constitucional do IDP, Dino falou sobre discurso de ódio e ameaças sofridas por autoridades. Ele citou mensagens que recebeu após se tornar ministro do Supremo.
“Nós recebemos manifestações gentis do tipo: ‘Você merece ser esquartejado e os pedaços do seu corpo espalhados por toda a Esplanada dos Ministérios’. Eu já recebi uma mensagem assim. Eu pensei que, além de tudo, vai dar um bom trabalho, porque eu sou grande, né?”, ironizou.
Encerrando o relato, o ministro disse usar o humor como forma de enfrentamento à intolerância. “Esse é o papel do bom humor para desconstruir o ethos do ódio. Oração do bom humor de São Tomás Moro, a oração preferida do Papa Francisco”, disse.
Nesta semana, o Senado aprovou a criação de 40 cargos de técnico judiciário para atuação como policial judicial junto ao STF. Uma das justificativas é o aumento de ameaças direcionadas à Corte e a seus ministros.