07/04/2014 - 13:40
O partido de ultra-direita Jobbik , um dos mais radicais da Europa, que estigmatiza a minoria cigana e cujos dirigentes são acusados de antissemitismo, está se consolidando na Hungria gracas a um novo avanço nas eleições legislativas.
O Jobbik obteve 20,54% dos votos, ficando em terceiro lugar atrás da União Cívica Húngara (Fidesz), de Viktor Orban, o atual primeiro-ministro conservador, que tem assegurada sua reeleição, e a aliança de esquerda, segundo resultados uma vez apurados 98,97% dos votos.
O Jobbik Magyarországért Mozgalom (Movimento por uma Hungria Melhor), conhecido como Jobbik, é tão extremista que outros partidos de extrema-direita europeus, como a Frente Nacional francesa e o FPOE austríaco, têm restrições contra a formação húngara.
O Jobbik progrediu 3,5 pontos em relação a 2010, quando entrou no parlamento com 17% dos votos.
O Jobbik conseguiu todo esse êxito apesar de o Fidesz ter tentado pescar em suas águas, aproveitando-se de seu nacionalismo, populismo, apego aos valores cristãos e seus teatrais conflitos com a União Europepia.
Há seis meses se achava que os de ultra-direita estavam perdendo terreno, “mas o número de pessoas que os apoiam duplicou em apenas dois meses, graças a sua campanha”, ressaltou o analista Zoltan Miklosi.
Outro analista, Kornelia Mgyar, do Instituto Progressiv, considera que Jobbik “capitaliza a decepção causada pelo Fidesz”.
Cerca de 8,2 milhões de eleitores foram convocados às urnas para escolher 199 deputados em uma votação de um turno.
A campanha da Fidesz se concentrou na redução dos preços da energia doméstica desde 2013 e na brutal elevação de impostos nos anos anteriores. O IVA de 27% cobrado na Hungria é o mais alto da UE.
Orban também reivindicou a recuperação econômica (1,2% em 2013), apesar de o crescimento ter sido consequência, principalmente, de safras excepcionais.
Os quatro anos de governo sem divisão do poder de Viktor Orban polarizavam a sociedade deste país que já fez parte do bloco comunista, membro da União Europeia desde 2004.
Graças a mais de 850 leis adotadas sem debates apoiado em uma maioria de dois terços no Parlamento, seu partido se apoderou de todas as instituições do país, como a imprensa e a justiça, além da economia e até da cultura.
Esse domínio amplo não foi abalado pelas manifestações populares de 2011 e 2012, nem pelos alertas da União Europeia ou pelas críticas dos Estados Unidos.
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