RIO DE JANEIRO (Reuters) – O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, virou réu na Justiça Federal do Rio de Janeiro sob acusação de uso do cargo para fazer campanha para o presidente Jair Bolsonaro na eleição deste ano, informou o Ministério Público Federal (MPF) nesta sexta feira.

A ação movida pelo MPF acusa o diretor da PRF de improbidade administrativa e pede seu afastamento do cargo.

Segundo o juiz da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Jose Arthur Diniz Borges , como Vasques se encontra de férias, o pedido de afastamento feito pelo MPF será analisado posteriormente.

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“Tendo em vista que o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal encontra-se com afastamento legalmente instituído para usufruto de férias…, postergo a apreciação da cautelar requerida para após a vinda da contestação.”, declarou o magistrado em despacho.

Na acusação, o MPF afirma que Vasques usou a imagem da PRF para “promover efetivas manifestações, por vezes veladas e outras ostensivas, de apreço ao atual presidente da República e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro, com o fim de obter proveito de natureza político-partidária”.

Vasques tem prazo de 30 dias para apresentar defesa, segundo a Justiça Federal. Em nota, a PRF disse que acompanha com naturalidade a determinação de citação ao diretor-geral, uma vez que é o “procedimento normal” após representação do Ministério Público.

“Saliente-se que o magistrado não acatou o pedido formulado pelo órgão ministerial de afastamento imediato do diretor-geral, sem a manifestação da parte contrária, determinando a citação do requerido para apresentação de contestação no prazo de 30 dias”, acrescentou.

O MPF também acusa Vasques de uso indevido do cargo, desvio de finalidade e uso de símbolos e imagens da instituição policial para favorecer Bolsonaro na corrida presidencial.

Segundo a denúncia, desde o início do período eleitoral, Vasques fez postagens em redes sociais de cunho eleitoral e, na véspera do segundo turno, usou sua conta no Instagram para pedir abertamente voto no presidente.

No dia das eleições , a PRF também promoveu operações de inspeção nas estradas, o que teria atrapalhado eleitores a chegarem aos locais de votação.

“Não é possível dissociar que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral, tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”, afirma o MPF na ação.

O Ministério Público também cita os bloqueios em estradas realizados por manifestantes bolsonaristas após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no pleito presidencial, apontando o que chama de “inação” da PRF para impedir essas manifestações.

(Reportagem de Rodrigo Viga GaierEdição de Eduardo Simões e Pedro Fonseca)

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