21/09/2017 - 13:08
O diretor da Área Financeira e Internacional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Thadeu de Freitas, confirmou nesta quinta-feira, 21, que a instituição de fomento devolverá R$ 50 bilhões de sua dívida com o Tesouro Nacional neste ano, sendo R$ 33 bilhões neste mês e R$ 17 bilhões em novembro.
“Estamos resgatando antecipadamente. Devolver é muito forte”, afirmou Freitas, ao deixar a cerimônia de abertura da Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio
Apesar da polêmica provocada pela resistência do BNDES em devolver os recursos pedidos – são R$ 50 bilhões neste ano e mais R$ 130 bilhões em 2018 -, o diretor defendeu a decisão do governo.
“A demanda do governo é corretíssima. A dívida bruta tem aumentando substancialmente. É preciso evitar que ela suba muito, por causa da ‘regra de ouro'”, afirmou Freitas, referindo-se à regra constitucional que proíbe o governo de emitir dívida em valor superior às despesas de capital, como investimentos e amortizações.
Na rápida entrevista a jornalistas ao deixar o evento, Freitas disse que os valores a serem devolvidos em 2018 ainda estão em discussão, pois o ano que vem “temos possibilidade de crescimento econômico maior do que o esperado e os desembolsos do banco podem aumentar”.
“R$ 130 bilhões é o valor que o Tesouro precisa. Vamos procurar atendê-lo dentro do possível, da capacidade de o banco emprestar. Não há Fla x Flu aí. O Tesouro Nacional é dono do banco. Se o Tesouro é dono do banco, é importante que o banco consiga funding mais barato”, afirmou Freitas.
O diretor confirmou também que o BNDES vai estudar fontes alternativas de captação, externas principalmente. Segundo Freitas, várias opções estão sendo estudadas, mas não há nada definido. Uma das opções seria usar as reservas internacionais, mas o Banco Central (BC) não foi consultado ainda, disse Freitas.
Freitas, que já foi diretor do BC, alertou para a necessidade de fazer o ajuste fiscal, para garantir a transição do mercado de crédito do curto prazo para o longo prazo. “No Brasil, sempre há tentativas de alongar tudo antes do tempo, desde 1980, 1990. Quando a gente acha que está dando certo, alonga, aí depois não dá certo, e encurta. O único que é longo permanentemente é o BNDES”, afirmou Freitas.