As regras comerciais que regem a produção agrícola – em vias de reforma há mais de duas décadas – estão obsoletas e devem ser adaptadas aos desafios da mudança climática e demográfica -, afirmou a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala.

“Está cada vez mais claro que as regras da OMC não acompanharam o ritmo dos desafios que enfrentamos atualmente, nem a evolução dos mercados mundiais”, disse em um seminário na sede da instituição, em Genebra, na segunda-feira (24), conforme comunicado divulgado nesta terça (25).

Ngozi Okonjo-Iweala organizou este encontro informal para discutir como sair do bloqueio atual. Os Estados-membros da OMC negociam uma reforma do comércio agrícola desde 2000.

A diretora-geral considera que as distorções comerciais e os elevados níveis de protecionismo como um problema grave, junto com um investimento insuficiente em pesquisa e infraestrutura. Esse conjunto levou a uma baixa produtividade agrícola e à estagnação em muitas regiões do mundo.

Ao mesmo tempo, os subsídios ao setor agrícola alcançaram US$ 817 bilhões no período 2019-2021. As restrições à exportação de alimentos continuam exacerbando o efeito do aumento nos preços para os consumidores pobres dos países importadores de alimentos.

Além disso, os sistemas alimentares são submetidos a uma pressão agravada pela insegurança hídrica e pela seca ligada à mudança climática, à degradação ambiental, à invasão da Ucrânia e aos efeitos persistentes da pandemia da covid-19.

No seminário, Ngozi Okonjo-Iweala pediu aos 164 membros da organização que busquem soluções para revitalizar as negociações agrícolas da OMC a tempo da próxima conferência ministerial antes do final de 2023.

Para alcançar um acordo é necessário o consenso de todos os países-membros.