O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou nesta sexta-feira, 11, que existem ferramentas para aumentar a liquidez nos mercados dos EUA, ressaltando que o BC do país pode acionar esses instrumentos caso necessário. Em entrevista à CNBC, Kashkari disse que está monitorando de perto os movimentos de todos os mercados, especialmente os de ações e de títulos, mas que ainda não observou grandes deslocamentos ou risco sistêmico no crédito privado até o momento.

O dirigente frisou que é impossível para o banco central prever “onde os juros dos Treasuries vão parar”, mudar a direção da economia ou interferir diretamente nas tarifas e seus efeitos.

“As políticas do governo dizem respeito somente a ele”, esclareceu Kashkari. “Nós podemos apenas mitigar o processo de transição da economia para controlar a inflação e manter o mercado de trabalho forte.”

Dentre medidas de mitigação, Kashkari apontou a possibilidade de atuar para elevar prêmios de prazo, caso a liquidação dos títulos americanos continue acelerada. Contudo, para ele, os Treasuries não refletem apenas efeitos de tarifas e temores de uma guerra comercial, mas também perspectivas para a situação fiscal dos EUA sob a gestão Trump. “Nosso déficit elevado tornou a América um bom lugar para investir para investidores de todo o mundo. Se o déficit cai, deixa de se tornar atrativo”, apontou, acrescentando que essa “mudança de preferência” global também pesa sobre o dólar.

O dirigente comentou ainda sobre a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) em março, divulgada na quinta-feira. Kashkari classificou o dado como “boa notícia”, mas observou que há sinais de que a inflação deve acelerar novamente nos próximos meses como resultado das tarifas. “É importante garantir que as expectativas de inflação não subam no longo prazo”, pontuou.