16/11/2001 - 8:00
A segunda maior rede de tevê a cabo do mundo não tem estúdio. Nem uma câmera sequer. Todas as produções são terceirizadas. Para quem costuma acompanhar documentários da Discovery Channel, visitar o QG da companhia em Bethesda, Maryland (EUA), chega a ser frustrante. Mas esta fórmula enxuta de trabalhar é o maior patrimônio da companhia. É ela que vem garantindo um dos melhores resultados financeiros na indústria de mídia. A rede tem 650 milhões de assinantes, está presente em 118 milhões de residências em 155 países, fala 33 línguas e fatura US$ 1,7 bilhão ao ano. E vem crescendo a passos de tirar o fôlego de qualquer Tiranossauro Rex: seu faturamento aumenta 25% ao ano. Além do sucesso de canais como Discovery Channel e Animal Planet os cofres do grupo contam com a valiosa colaboração do licenciamento de produtos. São milhares de artigos vendidos em 50 mil lojas no planeta.
Parte deste império ? que surgiu em 1985, quando John
SHendricks investiu US$ 10 mil num canal educativo ? já é conhecido no Brasil. Em 1996, a rede abriu seu primeiro canal no País. Hoje, já são seis. No próximo Natal, todo este mundo mágico estará nas mãos do brasileiro. Chegam em dezembro os primeiros produtos licenciados da marca: uma linha de material escolar. Em 2002, a família Discovery se expande no País, com brinquedos e animais de pelúcia. Os licenciamentos são um pote de ouro que rendeu
US$ 250 milhões em 2000.
Sem limites. A empresa surpreende pelo dinamismo. Não tem equipes pensando e produzindo os programas que vão ao ar em seus 14 canais. Trabalha com produtoras independentes. ?Financiamos produções domésticas e fazemos parcerias?, diz Rick Rodriguez, vice-presidente de conteúdo internacional. Uma vez ao ano, a Discovery também monta workshops com produtores locais. Os melhores roteiros são patrocinados. ?Se acreditamos no projeto, não temos limite de gasto?, conta Rodriguez. ?Este ano, investimos US$ 400 milhões em produção.? Isso permite que as equipes transitem em locais tão raros como tribos na África e rios amazônicos. O fato de não ter uma idéia na cabeça e nem uma câmera na mão garante uma estrutura enxuta ? até modesta para a empresa. Como funciona sua fórmula de negócios? Na América Latina, 70% do faturamento provém das operadoras de cabo. Outra estratégia garante que a rede chegue em países onde a penetração de tevê a cabo ainda é baixa, incluindo o Brasil, onde apenas 7% da população tem acesso a este ?luxo?. A idéia é abastecer as emissoras de rede aberta com programas baratos. A TV Bandeirantes, por exemplo, compra programação da Discovery. ?A América Latina é a nossa receita para crescer?, conta a presidente Judith McHale. Sinal claro disso aparece no balanço da companhia. Este ano, a divisão latino-americana dará lucro. O desenvolvimento de programas é o principal negócio da Discovery. Mas a empresa não descarta opções. Até mesmo se aventurar na área de restaurantes temáticos e parques no estilo DiscoveryWorld.