A secretária de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ana Toni, afirmou nesta sexta-feira, 27, que a discussão sobre a promessa dos países desenvolvidos de financiamento climático anual de US$ 100 bilhões deve ser retomada na COP-28, que acontece nos Emirados Árabes em dezembro. O financiamento foi prometido pelos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento em 2009, mas ainda não foi implementado, e tem sido alvo de críticas do governo federal.

“Os US$ 100 bilhões foram prometidos na COP-15 e é um tema que temos que colocar para trás, porque é algo que está corroendo a confiança na COP. Sabemos que precisamos de muito mais de US$ 100 bilhões por ano, e por isso é fundamental que isso seja tratado na COP”, reforçou a secretária durante participação no evento Brasil pelo Meio Ambiente (BPMA), na Amcham Brasil, em São Paulo.

Na avaliação de Toni, o segundo ponto de destaque a ser tratado na conferência diz respeito à definição de uma nova promessa de financiamento dos países desenvolvidos às nações desenvolvimento. “Nessa COP queremos já alguma definição de quantos recursos estarão incluídos nas promessas para o período entre 2025 e 2023”, pontuou.

A secretária ainda ressaltou que a Conferência deste ano também deverá se dedicar a discutir uma “mobilização mais ampla da economia mundial” sobre o financiamento de ações sustentáveis. “Temos que avaliar como mobilizar o sistema financeiro para começar a valorizar esse financiamento sustentável e deixar os tipos de financiamentos que não cabem mais no mundo” explicou. “Não adianta colocar o pé no acelerador para energia renovável sem tirar o outro pé do acelerador nas alternativas poluentes”, acrescentou.

Contexto geopolítico

Durante sua fala, Toni ainda lembrou que a próxima COP irá acontecer em um contexto político “complicado”, em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia e aos recentes conflitos envolvendo Israel e o grupo Hamas. “A prioridade do nosso governo é assegurar uma atmosfera de confiança”, destacou a secretária, reforçando que o presidente da COP terá que fazer um “esforço grande” para alinhar toda a comunidade internacional.

Na avaliação de Toni, o Brasil também deverá usar a conferência para reafirmar seus compromissos ambientais, com destaque para as iniciativas em direção à descarbonização e de garantia de um desenvolvimento “economicamente sólido e socialmente justo”. Ela ainda reforçou a importância da garantia de investimentos para projetos sustentáveis, uma vez que o País “não tem essa folga fiscal”.