14/01/2016 - 0:00
Adiado pelo atraso na liberação dos recursos do BNDES, que vai financiar a metade do investimento de R$ 200 milhões, o início das operações da fábrica de caminhões leves da chinesa Foton, no Brasil, previsto inicialmente para o fim do ano passado, deve ocorrer até dezembro de 2016, em Guaíba, no Rio Grande do Sul.
Antes disso, os primeiros veículos de 3,5 e 6,5 toneladas começarão a ser montados numa unidade da gaúcha Agrale, localizada em Caxias do Sul, na região serrana do Estado, a partir de junho. “Já colocamos 1.500 caminhões importados da China no mercado nacional, o que serviu para comprovar a boa receptividade da marca”, afirma Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente e sócio da Foton Aumark do Brasil. A partir de 2017, a meta é fabricar 2,2 mil veículos por ano, numa área construída de 200 mil quadrados.
Segundo Mendonção, como é mais conhecido o engenheiro e economista que presidiu o BNDES e comandou o Ministério das Comunicações, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, a decisão de manter o investimento, em meio à crise da economia brasileira, foi reforçada pela apreciação do câmbio. Ao encarecer as importações diretamente da matriz chinesa, a disparada do dólar, hoje na casa dos R$ 4, acabou viabilizando a produção local, que passará a atender não apenas o mercado nacional, como o da América Latina.
“Com isso, nosso potencial de vendas, que era de uns cinco mil caminhões por ano, se ampliou em 40%”, aumentando o valor do empreendimento”, afirma, Mendonça de Barros. Esse novo quadro, que barateou o investimento em moeda forte, fez com que a direção mundial da Foton, que enviará uma delegação ao País, em março, decidisse iniciar uma segunda operação aqui, com a produção de caminhões pesados e vans, através de uma subsidiária.
Para ele, a decisão de dobrar a aposta no Brasil, mostra que os chineses têm uma estratégia de longo prazo, que passa ao largo de crises conjunturais. “A experiência da minha geração, que já viveu situações bem piores que a atual, ensina que a economia brasileira vai se recuperar, provavelmente lá por 2017”, diz. “ Quem está no mercado, sabe que é sempre melhor entrar na baixa do que na alta.”