Brasil e Argentina, que duelam há anos para lucrar mais na balança de exportações e importações, voltaram a se estranhar. Para variar, a provocação parte da Bacia do Prata. 

 

Dessa vez os argentinos estão devolvendo balas, chocolates e confeitos de 15 fabricantes brasileiros, sem explicações, e retardaram a concessão de certificados sanitários dos produtos.

 

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Mais de US$ 5 milhões em mercadorias aguardam há tempos em depósitos lotados na fronteira e, por se tratar de itens perecíveis, correm o risco de apodrecer, gerando gordos prejuízos. 

 

Irritado com as barreiras comerciais dos argentinos – que seguraram as licenças automáticas de mais de 200 produtos –, o Brasil, sob a batuta da presidente Dilma, estuda um contra-ataque com retaliações à altura. 

 

A dificuldade no desembaraço de mercadorias é um artifício antigo usado pelo vizinho. E, em muitos casos, ele levou a melhor por descaso ou diplomacia frouxa das autoridades daqui. 

 

O governo Lula, por exemplo, foi sempre condescendente com as implicâncias do parceiro. Dilma, ao contrário, parece determinada a adotar um tom mais firme para dar fim a essa artimanha milongueira dos portenhos. 

 

Em que pese a quantidade de tratados de livre-comércio no âmbito do Mercosul, a Argentina sempre se achou no direito de tomar medidas protecionistas, ora alegando fragilidade de sua indústria devido à crise econômica, ora argumentando que a mão dupla comercial foi sempre desfavorável a ela. 

 

As desproporções de tamanho e eficiência do setor produtivo daqui e de lá são óbvias e, naturalmente, essa vantagem competitiva tende a se refletir na balança. 

 

Como forma de resposta, os argentinos apelam para o golpe baixo, descumprindo contratos. Na prática, ou se leva a sério a existência de um mercado comum, com as facilidades decorrentes dessa abertura, ou se esquece que o Mercosul existe para valer.