Um total de 30,6 milhões de votos teriam sido “desperdiçados” em 2014 caso o “distritão” fosse válido nas eleições proporcionais daquele ano. Esse foi o número da soma de votos recebidos pelos candidatos que não foram eleitos, mas que foi levado em conta no cálculo do quociente eleitoral para eleger os deputados federais na disputa.

É o que aponta pesquisa inédita, concluída em julho, do cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pelo distritão, sistema eleitoral em debate atualmente pela comissão de reforma política da Câmara dos Deputados, são eleitos aqueles que recebem o maior número de votos por Estado. Já pelo modelo que vigora hoje, chamado de sistema proporcional, os eleitos são definidos a partir da soma do número de votos de todos os candidatos e da legenda.

O quociente eleitoral é resultado da divisão do número de votos pelo número de assentos a preencher. Essa norma favorece a eleição de candidatos com baixa votação por causa dos chamados puxadores de voto, como Tiririca (PR-SP).

Nicolau analisou todos os votos dos deputados federais eleitos e não eleitos dos 28 partidos com representação na Câmara em todos os Estados do País. Pelo levantamento, o Amapá seria o campeão do “desperdício”, com 62% dos votos descartados, ou seja, 368.332, seguido do Espírito Santo, com 50,2% de escolhas inúteis. Já a menor perda seria registrada em Pernambuco, com 24,4%. São Paulo perderia 6,7 milhões de votos, ou 34,9%, seguido do Rio, com 2,8 milhões de votos no lixo (40%) caso o distritão fosse aplicado a partir da simulação.

“O eleitor diz que ‘perdeu o voto’ quando não elege seu candidato porque não conhece as regras de apuração dos votos usadas no Brasil. No distritão, isso não aconteceria. Votos dados em nomes que não se elegem simplesmente são desperdiçados”, disse o professor.

De acordo com o levantamento, 13 partidos perderiam assentos na Casa, 8 ganhariam e 7 não teriam representação alterada no Congresso se o distritão tivesse sido aplicado na eleição de 2014. Apenas 9% do total dos deputados eleitos na última eleição proporcional (46 deputados) não se elegeria. O PSD seria o partido mais beneficiado, passando de 36 para 42 deputados, seguido de PMDB e PT. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.