Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) – A dívida bruta do Brasil caiu a 78,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em maio, contra 78,9% no mês anterior, mostram dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira, no menor nível desde março de 2020, quando foi decretada a pandemia de Covid-19 e o governo deu início a uma série de gastos emergenciais.

O indicador seguiu em queda mesmo diante de um déficit primário registrado no mês para o setor público e elevação do gasto com juros.

Os dados do BC mostram que o principal fator para a queda da relação dívida/PIB está no crescimento do PIB nominal, que ganha impulso com a alta da inflação. Nos cinco primeiros meses do ano, esse fator contribuiu com uma queda de 3,5 pontos percentuais na dívida bruta. O efeito da variação cambial melhorou o dado em 0,8 ponto.

Por outro lado, a necessidade de financiamento do governo pressionou o indicador para cima em 2,3 pontos no ano.

A dívida líquida do país, por sua vez, foi a 58,8% –a projeção de analistas era de 57,9%. No mês anterior, o indicador, que computa também ativos do governo, como as reservas internacionais, estava em 58,3%.

Em relação ao gasto com juros nominais, o total do mês ficou em 32,979 bilhões de reais, acima dos 21,897 bilhões de reais no mesmo mês de 2021. Em 12 meses, o dado atingiu 500,502 bilhões de reais, equivalente a 5,51% do PIB, com o déficit nominal do setor público somando 4,19% do PIB.

De acordo com os dados do BC, o setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de 32,993 bilhões de reais em maio, pior do que o esperado pelo mercado. Segundo pesquisa Reuters, a expectativa era de déficit primário de 24,501 bilhões de reais no mês.

A apresentação dos dados de maio originalmente ocorreria no fim de junho, mas as divulgações pelo BC seguem atrasadas mesmo após o fim da greve de servidores do órgão.

Por conta do atraso, os números estão defasados em relação aos indicadores do Ministério da Economia. Na quinta-feira, a pasta já informou o resultado primário de junho para o governo central, que não inclui Estados, municípios e estatais, e foi superavitário em 14,4 bilhões de reais, recorde para o mês.

SUPERÁVIT EM 12 MESES

O resultado acumulado em 12 meses alcançou um superávit de 119,928 bilhões de reais em maio, o que corresponde a 1,32% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês anterior, o saldo acumulado estava em 1,53% do PIB.

O dado engloba as contas de governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e INSS), Estados, municípios e empresas estatais e não inclui as despesas com juros.

O número de maio foi influenciado pelos resultados negativos do governo federal e das estatais, enquanto o dado ficou no azul para Estados e municípios, que vêm registrando ganhos de arrecadação com a retomada da atividade e o nível elevado dos preços de combustíveis.

O governo central apresentou um saldo negativo de 40,018 bilhões de reais no mês. As estatais tiveram déficit de 307 milhões de reais.

Os entes foram superavitários em 7,332 bilhões de reais. Desse montante, o saldo dos Estados ficou positivo em 5,786 bilhões de reais, enquanto os municípios ficaram no azul em 1,546 bilhão de reais.

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