29/12/2024 - 6:00
O Brasil é classificado como o “paraíso dos dividendos” por muitos especialistas, considerando que é um dos três únicos que não possuem carga tributária incidindo sobre proventos para pessoa física dentre países membros ou candidatos a entrada da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Soma-se a isso, o fato de as maiores companhias em valor de mercado ostentarem rendimentos – dividend yield – na casa dos dois dígitos.
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Como exemplo, em meados de 2022 as ações da Petrobras tiveram um dividend yield de 61%, com R$ 16,64 pagos por ação – ou seja, 61% do valor investido nos papéis da empresa comprados nesse período retornou para o bolso dos investidores líquido de impostos.
Nesse contexto, ações pagadoras de dividendos são vistas como atrativas para quem mira uma estratégia de renda passiva ou visa crescer o patrimônio no longo prazo – especialmente considerando o crescimento exponencial com o reinvestimento dos dividendos recebidos.
“A bola de neve não tem efeito dos juros compostos, é fundamental reinvestir, se não, o retorno total vai ser ínfimo. É um retorno que acompanha a inflação, mas todo o excedente – o prêmio de risco que você pegaria – estaria sendo consumido”, explica Lucas Devito, que lidera a Suno Consultoria, braço de advisory do Grupo Suno.
O especialista ressalta, contudo, que é importante fazer os aportes em empresas com um histórico sólido de dividendos e com um futuro promissor, sem olhar necessariamente somente para o dividend yield dos últimos 12 meses.
“Eu sempre incentivo a não olhar exclusivamente para um indicador, olhar para o retorno total. A Itaúsa, por exemplo, era uma empresa que pagava dividendos altos e passou a usar o seu lucro para fazer fusões e aquisições, e com isso parou de distribuir tantos proventos. É necessário olhar para a gestão da empresa”, comenta.
Petrobras, Bradespar e Copel são maiores pagadoras de dividendos
Conforme estudo exclusivo da Elos Ayta Consultoria, as companhias com maior rendimento de dividendos nos últimos cinco anos foram Petrobras, Bradespar, Copel, Banco do Brasil e Gerdau Metalúrgica.
A Petrobras lidera o ranking com uma mediana de dividend yield em 18,3%. A petroleira estatal desembolsou R$ 427,1 bilhões para pagar dividendos aos seus acionistas. A maior parte do valor – R$ 194,6 bilhões – se concentra em 2022, quando a estatal fez uma série de desinvestimentos e ainda adotava a paridade internacional (PPI) como política de preços.
Além das companhias citadas, Taesa e Vale também ostentam uma mediana de dividendos para os últimos cinco anos na casa dos dois dígitos, com 10,23% e 10,18%, respectivamente.
Quanto rendem R$ 10 mil investidos
Segundo cálculos do planejador financeiro CFP e especialista em mercado de capitais, Jeff Patzlaff, ao investir R$ 2 mil em cada uma das cinco maiores de dividendos, um investidor teria transformado R$ 10 mil em R$ 17.893,31 em uma janela de cinco anos.
Essa performance fica acima do Ibovespa e do CDI na mesma janela. O principal índice da bolsa de valores teria transformado R$ 10 mil em R$ 11,5 mil, ao passo que o título bancário teria transformado R$ 10 mil em R$ 15 mil.
Dentre as maiores pagadoras de proventos, destaque para a Petrobras, que teria mais do que dobrado o aporte inicial em 5 anos, transformando R$ 2 mil em R$ 4,5 mil, considerando dividendos, JCP e a valorização dos papéis preferenciais da petroleira.
Os cálculos consideram uma janela entre 2 de dezembro de 2019 e 2 de dezembro de 2024, e o especialista frisa que os valores simulados são apenas uma referência educativa, podendo conter variáveis adicionais que interferem diretamente nos números apresentados.
Vale destacar que essa matéria não é uma recomendação de investimento e os dividendos pagos no passado não garantem dividendos pagos no futuro, assim como rentabilidade passada não é garanti de rentabilidade futura. A simulação usando cinco ativos de grandes pagadoras de dividendos também é meramente ilustrativa e não é uma carteira recomendada.