13/10/2004 - 7:00
Uma revolução silenciosa está acontecendo nos negócios da moda nacional. Por enquanto, o movimento tem apenas um representante: a AMC Têxtil, de Santa Catarina. Nunca ouviu falar? Pois você não perde por esperar. Fundado por uma professora primária em 1980 para vender retalhos de tecido a pequenas malharias, o grupo não esconde suas ambições: quer ser o maior gestor de marcas de moda do País ? ou seja, uma holding que administra diversas grifes fortes e independentes, a exemplo do que a LVMH (dona de Louis Vuitton, Kenzo e outras) faz no segmento de luxo. Nos últimos quatros anos, a AMC comprou duas marcas, a Colcci e a Sommer e tornou-se a responsável pela linha de vestuário da Coca-Cola. ?Teremos pelo menos oito grifes no portfólio. Nosso próximo alvo é uma das grandes que desfilam na São Paulo Fashion Week?, avisa o diretor comercial Arnaldo Sampaio.
A AMC deu sua grande tacada ao comprar a Colcci em 2000. Muitos torceram o nariz. A empresa de Brusque (SC) estava na segunda concordata, tinha dívidas de R$ 15 milhões e prejuízo de R$ 6,7 milhões. Pior: tratava-se de uma marca popular, sem nada a ver com o projeto da família Menegotti, dona da AMC, de agregar valor aos tecidos que já produzia e tingia. Sob o comando de Alexandre Menegotti, filho de Cecília (a professora que começou tudo), a AMC calou os pessimistas. ?Investimos R$ 28 milhões na aquisição, em marketing e na compra de maquinário e enterramos a antiga Colcci?, conta Menegotti. Das 140 lojas, sobraram 50 no primeiro ano. Todas ganharam um novo visual, mais moderno e colorido. As coleções foram redirecionadas para o público fashion-modernete a partir de viagens internacionais feitas pelos estilistas da casa. Também foi criada uma escola de varejo para treinar todos os balconistas das lojas. E abracadabra: os produtos da Colcci, que custavam R$ 25 em média em 2000, hoje valem R$ 130. Sem falar nas lojas abertas em New Jersey e Madri e nas programadas para Miami, Los Angeles e Barcelona. ?Quadruplicamos as vendas desde 2000?, diz Menegotti.
Isso deu fôlego para o passo seguinte. No começo deste ano, a AMC comprou a Sommer, marca do estilista Marcelo Sommer e do empresário João Paulo Diniz (Grupo Pão de Açúcar). ?Não posso dizer quanto me pagaram, mas deu para encostar o burro na sombra pelo resto da vida?, diz Sommer. Com apenas uma loja, a grife vendeu 30 mil peças de sua última coleção. ?Produziremos 200 mil para a próxima e devemos abrir 30 lojas até o final de 2005?, revela Sampaio. Outra aposta é linha de roupas da Coca-Cola. As peças estão à venda em algumas das 110 lojas Colcci, mas o plano é que elas ganhem pontos-de-venda exclusivos em breve. ?No Brasil, os empresários da moda lidam com suas marcas de maneira limitada?, avalia Luciane Robic, da consultoria IBModa. ?A criatividade de estilo com a qual eles ergueram seus pequenos impérios se mostra insuficiente para a continuidade do negócio. O futuro é casar criatividade com administração especializada e profissional.? E a AMC sacou isso antes dos outros.
![]() | ||||
![]() | ||||
|