Quando presidiu a Fenabrave, em pleno governo Fernando Collor, o empresário Alencar Burti recorreu ao irmão do presidente, Leopoldo Collor, para conseguir uma audiência no Planalto. O jovem presidente, que chamava os carros nacionais de “carroças”, e a superpoderosa ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, estavam prestes a rever a legislação do setor, que “feria os princípios do livre mercado”, segundo Collor. “Se você não cartelizar o setor, se tirar esses dispositivos e abrir mais o mercado, eu mantenho (a lei existente)”, acenou o mandatário. Burti aceitou modificar alguns pontos da lei 6.729/79 para atender Collor, preservando o restante. Nessas e em outras ocasiões, ele aplicou uma habilidade que lhe é peculiar para negociar com o poder: “sou um pedinte com dados objetivos”, afirma, sempre munido de números do setor. Quem conta é Ricardo Viveiros, autor do livro Empreender é viver – a trajetória de Alencar Burti (Editora Gente). O lançamento será em 31 de outubro no JK Iguatemi, em São Paulo.

(Nota publicada na Edição 988 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Hugo Cilo, Ralphe Manzoni Jr. e Andressa D’Amato)