Dois jornalistas de uma afiliada da rede CBS na Virgínia foram mortos a tiros nesta quarta-feira durante uma transmissão ao vivo, e o suspeito do ataque, aparentemente um ex-funcionário descontente da rede, atirou em si mesmo.

O suspeito – Vester Lee Flanagan, de 41 anos, e também conhecido como Bryce Williams – está sob custódia policial e corre risco de vida, informou a polícia do estado da Virgínia.

“Policiais se aproximaram do veículo e encontraram o motorista sofrendo com um ferimento provocado por um tiro. Ele foi transportado para um hospital para tratar dos ferimentos, que representam um risco para sua vida”, informou a polícia em um comunicado.

Outro vídeo sobre o ataque – aparentemente feito pelo próprio atirador – foi postado no Twitter e no Facebook. A gravação posteriormente foi retirada.

As mortes, que provocaram uma intensa caçada e levaram ao fechamento de escolas locais, reavivaram mais uma vez os temores envolvendo violência com armas nos Estados Unidos.

Após o ataque, a Casa Branca fez um apelo para o Congresso aprovar rapidamente leis de controle de armas.

“Há algumas coisas de bom senso que apenas o Congresso pode fazer e que sabemos que teriam um impacto tangível sobre a redução da violência armada neste país”, disse o porta-voz Josh Earnest.

A repórter Alison Parker, de 24 anos, e o cinegrafista Adam Ward, de 27 anos, foram mortos a tiros enquanto realizavam uma entrevista ao vivo para a WDBJ em Roanoke, 385 km a sudoeste da capital Washington.

“Você envia pessoas para zonas de guerra e para situações perigosas, para confrontos e você se preocupa que elas vão se ferir”, afirmou Jeffrey Marks, o gerente do canal, que mais cedo confirmou a morte aos telespectadores, informou a CNN.

“Você envia alguém para fazer uma matéria sobre turismo, e então isso – como você pode esperar que algo como isso aconteça?”, se perguntou.

Marks declarou que Parker e Ward estavam apaixonados por outros membros da equipe da televisão.

“Eu estou entorpecido”, declarou o namorado de Parker, o ancora da WDBJ, Chris Hurst, no Twitter.

“Estávamos juntos há quase nove meses. Foram os melhores nove meses de nossas vidas. Queríamos nos casar”, afirmou.

Parker estava falando com Vicki Gardner, chefe do Smith Mountain Lake Chamber of Commerce, em um terraço do Resort Bridgewater, na cidade de Moneta, perto de Roanoke, quando o ataque ocorreu.

As duas falavam sobre o desenvolvimento do turismo para a rede WDBJ na manhã desta quarta-feira quando o atirador se aproximou com uma arma em punho.

Diversos tiros foram ouvidos, assim como gritos, e a câmera de Ward caiu no chão, capturando uma imagem desfocada do atirador.

A transmissão voltou então ao estúdio. A apresentadora do telejornal ficou estarrecida, sem saber o que estava acontecendo.

Gardner ficou seriamente ferida, declarou um dos senadores da Virgínia, Tim Kaine.

Posteriormente, um vídeo publicado na conta do Twitter de @bryce-williams7 mostrava o atirador com uma arma apontando para Parker, que entrevistava uma mulher e não estava ciente de sua presença.

Ward estava de costas para o atirador e também não o viu se aproximar.

O atirador abaixa brevemente a câmera e então diversos tiros e gritos são ouvidos.

A mão do atirador fica claramente visível. Ele parece usar uma camisa xadrez azul.

Em sua página no Facebook, Parker – cujo aniversário foi há apenas uma semana – se descrevia como a “repórter da manhã” na WDBJ e uma entusiasta de dança de salão.

“Ela trabalhava com Adam todos os dias”, disse Hurst. “Eles eram uma equipe. Estou com o coração partido por sua noiva”.

A noiva de Ward, Melissa Ott, uma produtora da rede de televisão, estava na sala de controle quando o tiroteio ocorreu e assistiu a cena ao vivo, disse Mark à CNN.

“É difícil acreditar, não é?”, declarou o gerente.

Ott estava em seu último dia de trabalho para a WDBJ antes de começar a atuar em outra rede de televisão localizada em outra cidade, e realizaria uma festa de despedida com seus colegas.

“Este seria um dia de celebração por seu tempo aqui e para desejar boa sorte a ela”, disse Marks.

O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, fez eco às declarações da Casa Branca e disse à rádio WTOP de Washington que o incidente ressaltou a necessidade de aumentar o controle de armas.

“Há muitas armas nas mãos de pessoas que não deveriam ter armas”, disse. “Há muita violência por armas nos Estados Unidos da América”.