Serviços: Os clientes do PanAmericano poderão usar cartão de crédito para empréstimos consignados.

Cartões de crédito podem ter mais utilidades do que se imagina. Os emitidos pelo Banco PanAmericano, por exemplo, estão sendo transformados, entre outras coisas, em veículos para concessão de empréstimos consignados. O braço bancário do grupo Silvio Santos acaba de fechar uma parceria com a financeira Cetelem ? pertencente ao banco francês BNP Paribas e dona da bandeira Aura? para lançar um cartão de crédito com pagamentos descontados diretamente em folha de pagamento. Outra série de plásticos do banco oferecerá descontos em mais de 50 mil estabelecimentos, como livrarias, restaurantes e supermercados em todo o País. As duas novidades fazem parte de um pacote de produtos e serviços que o PanAmericano está lançando para reforçar sua presença no segmento de empréstimos pessoais ? seu nicho de atuação mais tradicional no mercado. A outra perna da estratégia é um investimento de R$ 60 milhões em tecnologia da informação, que deverá tornar mais ágil o relacionamento do banco com sua clientela.

 

Rigotto, diretor: ?Importado? do BMG em outubro para modernizar o banco.

Por trás desses dois movimentos, praticamente simultâneos, está o executivo mineiro Roberto Rigotto, responsável pela estruturação da bem-sucedida área de crédito consignado do BMG, que teve seu passe comprado pelo PanAmericano no final do ano passado. No momento, a menina-dos-olhos de Rigotto é o cartão de crédito com desconto em folha. O produto, pioneiro no mercado, funcionará com as mesmas características do consignado convencional. Ou seja, permitirá gastos limitados a 30% da renda mensal do cliente e cobrará taxa de juros de 2,90%. A vantagem é que, com o cartão, o usuário tem o crédito em folha renovado automaticamente e não precisa utilizá-lo todo de uma só vez. O cartão será oferecido inicialmente a pensionistas do INSS e, mais tarde, a funcionários públicos e privados.

Por ora, boa parte da atenção de Rigotto está voltada para o que o banco apresenta como uma revolução no departamento de tecnologia. O antigo diretor do BMG desembarcou no PanAmericano em outubro de 2005, pelas mãos do vice-presidente, Rafael Palladino, com a tarefa de comandar a modernização da área. ?Estamos informatizando todo o banco de dados com as características de nossos clientes e criando sistemas com novas soluções para oferecer nosso portfólio de produtos com mais eficiência?, diz Rigotto. Uma de suas missões é agilizar o processo de concessão de crédito e preparar o banco para suportar o ritmo de expansão pretendido.

?Nossa meta é crescer 30% em relação a 2005?, diz Palladino. A instituição encerrou o ano passado com lucro de R$ 72,1 milhões, 71% superior ao registrado em 2004. Para ampliar sua presença no mercado, o PanAmericano conta ainda com o suporte que dará a outros negócios do grupo, como o financiamento de produtos comercializados nas lojas do Baú. Será também responsável pelo parcelamento das compras feitas por meio do ?telecartão de crédito? ? serviço que dará ao usuário a opção de comprar qualquer produto fornecendo o número de seu celular ao estabelecimento e digitando uma senha no próprio aparelho.

Com este pacote de novidades saindo do forno e um desempenho financeiro que começa a chamar a atenção do mercado, é natural que surjam conversas sobre a possível venda do PanAmericano. ?Já fomos sondados por todos os grandes bancos?, diz Palladino. ?Só que Silvio Santos tem mais disposição para comprar do que para vender.?