21/03/2025 - 9:23
O dólar à vista tinha subia ante o real nesta sexta-feira, 21, mas estava a caminho da terceira queda semanal consecutiva, à medida que os investidores ajustavam suas posições ao fim de uma semana marcada por decisões de bancos centrais e incertezas geopolíticas.
Por volta de 13h25, o dólar à vista subia 0,77%, a R$ 5,7251 na venda. Na semana, porém, a moeda acumula queda, uma vez que encerrou na última sexta-feira a R$ 5,7451. Veja cotações.
Na quinta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,49%, a R$ 5,6763. No ano, o dólar acumula baixa de 7,65% ante o real.
O destaque da semana foi a reunião do Federal Reserve, que manteve a taxa de juros inalterada na quarta-feira e reforçou sua projeção — segundo a mediana das previsões dos membros — de que cortará os juros mais duas vezes até o fim do ano.
Em coletiva de imprensa após a decisão, o chair Jerome Powell voltou a dizer que o banco central dos Estados Unidos não tem “pressa” para reduzir os juros, mesmo diante do reconhecimento pela própria instituição de que o país deve crescer menos em 2025 do que o esperado anteriormente.
Essas sinalizações fortaleceram a divisa dos EUA no exterior, com o dólar recuperando algumas das perdas recentes acumuladas antes seus pares fortes e emergentes. Na quinta-feira, o dólar fechou em alta de 0,49% no Brasil, a R$5,6763.
Um dia antes, a divisa norte-americana havia fechado em R$5,6486, a menor cotação desde 14 de outubro de 2024, quando terminou em R$5,5827.
No início da semana, o apetite por risco dos investidores marcou as negociações nos mercados globais, uma vez que os agentes passaram a demonstrar maior otimismo pelo fim da guerra na Ucrânia, após telefonema na terça entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin.
Na conversa, os dois presidentes chegaram a um acordo para um cessar-fogo de 30 dias em ataques russos à infraestrutura de energia da Ucrânia.
Os mercados também têm avaliado positivamente os planos de aumento dos gastos na Alemanha com defesa, com a câmara alta do Parlamento do país concluindo nesta sexta a aprovação de um pacote histórico que flexibiliza as regras de endividamento do país e cria um fundo de 500 bilhões de euros para investimentos.
Na próxima semana, o foco dos investidores deve se voltar novamente às ameaças tarifárias de Trump, uma vez que se aproxima a data de 2 de abril, quando ele prometeu que anunciará uma série de tarifas recíprocas — taxas que espelharão barreiras impostas por parceiros contra produtos dos EUA.
“A gente ainda espera que o dólar feche a semana com mais uma queda, muito por conta de todas as circunstâncias externas, particularmente as incertezas nos EUA sobre as políticas tarifárias”, disse Dyego Galdino, CEO da Global 360 Invest.
“Essa questão das tarifas é o que mais deve movimentar os mercados nas próximas semanas”, completou.
Nesta sexta, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,12%, a 103,910.
Cena local
No cenário doméstico, a semana foi marcada pela decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, indicando que fará um aumento de menor magnitude no próximo encontro, em maio.
A nova alta na Selic aumentou ainda mais o diferencial de juros entre Brasil e EUA, o que tende a favorecer o real ao atrair mais recursos de investidores estrangeiros.
O governo federal, por sua vez, enviou nesta semana ao Congresso o projeto de lei que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5.000, um projeto que tem gerado receios fiscais por parte do mercado caso não seja devidamente compensada.
“A gente ainda vê aquele cenário de o governo afirmando que vai ter compromisso com as metas fiscais e o mercado cético em relação a essa possibilidade. Esse cenário de maior percepção de riscos fiscais tende a pressionar para cima a taxa de câmbio”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.