23/08/2022 - 17:47
O dólar voltou a cair ante o real nesta terça-feira, 23, puxado principalmente pelo arrefecimento da aversão ao risco no exterior. Com os mercados todos à espera de sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre os próximos passos da sua política monetária, dados mais fracos da economia dos Estados Unidos divulgados pela manhã reduziram os temores de um aperto monetário mais forte, abrindo caminho para as correções. Por aqui, profissionais nas mesas de câmbio continuaram a relatar ingresso de recursos pela via financeira, tendo a bolsa como principal destino.
Ao final dos negócios, o dólar à vista ficou em R$ 5,0990%, em queda de 1,31%. Em queda desde a abertura, a mínima do dia foi registrada após o meio-dia, aos R$ 5,0715 (-1,84%). No mercado futuro, o dólar para liquidação em setembro era negociado às 17h21 por R$ 5,1170 (-1,06%).
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“A tônica do mercado continuou a mesma dos últimos dias, com ingressos de recursos para a bolsa, que ganhou maior impulso desde a sinalização do Banco Central de que vai parar de elevar os juros”, disse Joaquim Sampaio, sócio e gestor de juros e moedas da RPS Capital. A diferença, explica, foi a redução dos temores que se instalaram nos últimos dias acerca da política monetária americana, diante de sinais de que o Fed poderia ser mais duro em sua próxima reunião, em setembro.
O índice de gerentes de compras (PMI) composto dos Estados Unidos recuou de 47,7 em julho a 45,0 na preliminar de agosto, na mínima em 27 meses, segundo relatório a S&P Global. Com isso, o dado entrou mais firmemente em território de contração, abaixo de 50 nessa pesquisa.
O PMI de serviços recuou de 47,3 em julho a 44,1 na leitura preliminar do mês. Depois dos dados, cresceram nos EUA as estimativas de uma elevação de 0,50 ponto porcentual nos juros americanos, que passaram a superar as apostas em 0,75 ponto.
Na avaliação de Marcos Trabbold, gerente de operações da B&T Corretora, o dólar atualmente continua a mostrar um certo descolamento do mercado internacional, mas é difícil neste momento apontar até que ponto esse comportamento pode perdurar. “A moeda mostra um reflexo maior do cenário doméstico, com a combinação entre deflação, juros elevados e atratividade do mercado de ações. Somente esses dois primeiros fatores combinados já justificariam esse comportamento”, afirma.