(Reuters) – O aumento da confiança de que instituições e países conseguirão evitar o espalhamento da crise bancária, após a turbulência que atingiu dois bancos norte-americanos e um suíço, abriu espaço nesta quinta-feira para os investidores voltarem a buscar ativos de maior risco, o que se traduziu na queda firme do dólar à vista ante o real no Brasil.

Pela manhã, os mercados repercutiram a notícia de que o Credit Suisse pegará emprestado até 54 bilhões de dólares do banco central suíço. A ação foi vista como mais um sinal de que as instituições atuarão para evitar uma crise maior, após os bancos norte-americanos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank sofrerem intervenção nos EUA.

À tarde, surgiu a notícia de que grandes bancos norte-americanos estão negociando a injeção de capital no First Republic Bank, instituição financeira que vinha sendo monitorada com atenção pelo governo dos EUA. O montante do aporte será de 30 bilhões de dólares, disseram reguladores dos EUA.

Com essas medidas, os investidores se sentiram seguros para buscar ativos de maior risco, como o real brasileiro.

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O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2387 reais na venda, em baixa de 1,05%.

Na B3, às 17:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,92%, a 5,2560 reais.

A quinta-feira foi marcada por um movimento de correção não apenas no mercado de câmbio, mas também no de ações e de juros futuros. Mais otimistas, os investidores voltaram a mirar ativos de maior risco, como o real brasileiro e as demais divisas de países emergentes, o que pesava sobre as cotações do dólar.

Às 17:21 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,20%, a 104,440.

“Depois dos últimos dias, que tiveram uma pressão maior com a possibilidade de desaceleração global mais forte, há uma reversão”, comentou o economista da BlueLine Asset Management, Flavio Serrano.

“Os atores envolvidos na crise bancária estão defendendo que têm instrumentos para combater a queda de liquidez global. Com isso, diminuiu um pouco a percepção de que o evento pode criar capilaridade para outras instituições e outros países”, acrescentou.

No período da tarde, conforme Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank, o dólar passou a recuar com mais força ante o real em função da possível solução para o banco norte-americano First Republic. “O dólar estava quase no zero a zero, mas essa notícia acelerou o movimento de queda”, pontuou.

No Brasil, segue também a expectativa em torno da apresentação oficial do novo arcabouço fiscal, esperada para a próxima semana. Profissionais do mercado afirmam, no entanto, que as informações que têm saído na imprensa garantem certo otimismo.

Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o anúncio do arcabouço deve ser feito antes de sua viagem à China. Lula embarca no dia 24 de março.

Pela manhã, o BC vendeu 12.000 contratos de swap cambial tradicional, da oferta total de 16.000 contratos, para rolagem dos vencimentos de maio.

 

(Por Fabrício de Castro)

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