(Reuters) – A forte aversão ao risco nos mercados globais, disparada por mais um banco em crise, desta vez o europeu Credit Suisse, fez o dólar fechar em alta firme ante o real nesta quarta-feira, com investidores em busca da segurança da moeda norte-americana.

O movimento esteve em sintonia com o exterior, onde o dólar também subia ante uma cesta de moedas fortes e em relação às demais divisas de países exportadores de commodities.

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O medo de uma crise de crédito global, que pode jogar os países em uma recessão, se sobrepôs ao noticiário brasileiro nesta quarta-feira, embora os agentes sigam à espera da apresentação, por parte do governo, do novo arcabouço fiscal.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2944 reais na venda, em alta de 0,70%.

Na B3, às 17:39 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,69%, a 5,3085 reais.

Logo após a abertura da sessão, o dólar chegou a marcar a máxima de 5,3295 reais (+1,37%), numa forte reação à crise do Credit Suisse, após seu principal controlador descartar a possibilidade de aumento de capital no banco.

Ao longo do dia, as cotações se acomodaram um pouco, mas ainda assim a moeda norte-americana se manteve com ganhos firmes ante o real.

“É tudo aversão ao risco. Além dos bancos norte-americanos, temos agora o Credit Suisse complicando o cenário”, comentou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.

Na última semana os bancos Silicon Valley Bank e Signature Bank dos EUA entraram em colapso, despertando preocupações com o setor em um cenário de juros elevados.

A fuga a ativos de risco fazia o dólar subir também em relação às moedas de países emergentes nesta quarta-feira.

“O dólar se valoriza no mercado internacional e o iene se valoriza em relação ao dólar”, destacou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. “É o ‘flight to quality’ (voo para a qualidade)”, completou.

Às 17:39 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,99%, a 104,760. Às 17:39 (de Brasília), o dólar caía 0,65%, a 133,35 ienes.

Os receios em torno do sistema bancário global colocaram em segundo plano o noticiário doméstico.

Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que deve conversar na quinta-feira com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o arcabouço fiscal. Lula quer que o projeto seja definido antes de sua viagem à China, na semana que vem.

Já o Banco Central informou durante a tarde que o Brasil registrou fluxo cambial positivo de 1,283 bilhão de dólares em março até o dia 10. Pela manhã, o BC vendeu 14.400 contratos de swap cambial tradicional, da oferta total de 16.000 contratos, para rolagem dos vencimentos de maio.

 

(Fabrício de Castro)

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