(Reuters) -Após chegar a subir 0,72% no fim da manhã, o dólar à vista fechou esta quinta-feira com uma alta mais moderada ante o real, mas ainda assim no campo positivo, influenciado pelo exterior, onde a moeda norte-americana também subia ante divisas de outros países exportadores de commodities.

A ata do último encontro de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), divulgada pela manhã, foi o gatilho para o avanço do dólar em todo o mundo. O documento trouxe novas preocupações com o controle da inflação na zona do euro, elevando a percepção de que os juros subirão ainda mais.

Esta leitura se juntou à expectativa de que, nos Estados Unidos, os juros também possam ficar mais elevados para conter a inflação, o que dá força à moeda norte-americana.

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O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2043 reais, em alta de 0,25%.

Na B3, às 17:42 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,47%, a 5,2375 reais.

Em sua ata, o BCE demonstrou preocupação com o controle de preços e indicou que “a inflação está muito alta” e deve permanecer acima da meta “por um período prolongado”. A presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou o teor da ata, ao dizer que novas altas de juros são “possíveis” depois de março, dependendo dos dados recebidos.

Ainda na Europa, dados revelaram que a inflação dos preços ao consumidor na zona do euro caiu para 8,5% em fevereiro, ante 8,6% no mês anterior. No entanto, a leitura ficou acima das expectativas de taxa de 8,2% em pesquisa da Reuters com economistas.

“O BCE está preocupado com o avanço da inflação na Europa e sinalizou que o aperto monetário vai continuar. Como já existe uma expectativa de que os Estados Unidos continuarão a subir os juros, a Europa agravou o cenário”, avaliou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

Neste cenário, o dólar à vista chegou a subir 0,72% ante o real no fim da manhã, cotado a 5,2290 reais, na máxima da sessão.

Durante a tarde, a moeda norte-americana perdeu um pouco do ímpeto ante o real. Um operador ouvido pela Reuters citou fluxo de entrada de dólares no país no início da tarde, com agentes do mercado aproveitando as cotações mais elevadas para internalizar recursos.

Além disso, como em outras sessões mais recentes, a moeda norte-americana encontrou certa resistência para se distanciar dos 5,20 reais.

“Por enquanto, a ideia é o dólar continuar por volta dos 5,20. Isso ocorre não só em função do cenário interno, mas também pelo externo”, pontuou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.

Em análise encaminhada a clientes pela manhã, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, disse que a tendência de curto prazo para o dólar é de alta ante o real.

“Spot (dólar à vista) perto de 5,20 reais é o preço máximo que podemos sugerir para compra”, afirmou. “Na terça-feira, o spot foi para 5,25 reais, taxa bem razoável para começar a vender”, acrescentou.

O noticiário doméstico, apesar de recheado com a divulgação do PIB de 2022, pouco influenciou os negócios, conforme Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou pela manhã que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 0,2% no quarto trimestre de 2002, ante o trimestre anterior, e subiu 2,9% no ano.

No fim da tarde, o dólar seguia sustentando ganhos também no exterior.

Às 17:42 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,53%, a 104,930.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial na operação de rolagem dos vencimentos de abril.

(Fabrício de Castro; edição de Isabel Versiani)

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