16/06/2025 - 18:58
O dólar fechou nesta segunda-feira, 16, cotado a R$ 5,48. É o menor patamar de fechamento não só deste ano como dos últimos oito meses, desde 7 de outubro 2024. Em 2025, a moeda norte-americana desvalorizou 11,20%.
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A projeção do mercado, de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda, traz a moeda abaixo que nas projeções anteriores, mas ainda assim, consideravelmente acima dos R$ 5,50. O Focus mais recente aponta para o dólar a R$ 5,77 no final deste ano, frente a R$ 5,80 no boletim anterior e R$ 5,82 no mês passado.
Para analistas ouvidos por IstoÉ Dinheiro, o dólar abaixo dos R$ 5,50 hoje é reflexo de uma combinação de fatores externos e internos. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca ainda que o cenário ainda é de “muita volatilidade”.
“Lá fora, o mercado está em um movimento de recuperação de ativos de risco, com as bolsas internacionais operando em alta e o petróleo também subindo. Aqui no Brasil, o fluxo de entrada de recursos para a bolsa e a expectativa de um posicionamento mais responsável do governo na questão fiscal ajudam a fortalecer o real”, detalha Lima.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, explica que no cenário doméstico, a possibilidade de reversão do aumento do IOF, a desaceleração da inflação nas projeções do Focus, o avanço do IBC-BR acima das expectativas e a atratividade da taxa Selic elevada, que sustenta o fluxo estrangeiro para Bolsa e renda fixa, foram os fatores que levaram à valorização do real frente ao dólar.
“Já no ambiente externo, o recuo da moeda americana frente a pares globais foi impulsionado por dados mais fracos da indústria nos EUA e indicadores positivos da China, somado à queda do petróleo com sinais positivos vindo no Oriente Médio, criou um ambiente propício ao aumento do apetite por risco”.
Outro fator de impacto é que nesta semana os bancos centrais tanto do Brasil como dos Estados Unidos fazem nova decisão sobre a taxa de juros, na chamada “Super-Quarta”. A aposta da maior parte do mercado é que o BC brasileiro deve decidir pelo aumento em 0,25 ponto percentual na Selic, que hoje está em 14,75%. Se concretizada essa expectativa, a taxa básica de juros vai a 15% ao ano, o que favorece o recuo do dólar ante o real, em meio à percepção de que o Brasil seguirá atrativo ao capital externo, e deixando a renda fixa ainda mais atrativa para investidores.
Entre os pesquisados pelo Banco Central para o Focus desta semana, a espera é pela manutenção da taxa Selic no atual patamar e que o início de um ciclo de cortes deve ficar somente para o ano que vem.
“O Copom deve encerrar o ciclo de aperto monetário em junho, mantendo a Selic em 14,75%, mas sinalizando estabilidade da taxa por um período prolongado. Diante da inflação ainda acima da meta, expectativas desancoradas e atividade resiliente, não vemos espaço para cortes em 2025. Projetamos início da flexibilização apenas em 2026, com riscos inclinados para um adiamento maior – a menos de uma apreciação expressiva da moeda ou uma desaceleração abrupta da atividade”, diz o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.
Os analistas reforçam que a valorização ou desvalorização da moeda norte-americana ante o real depende de uma série de fatores tanto internos como externo, especialmente em um momento de grandes incertezas e instabilidades, a exemplo da política tarifária nos Estados Unidas, da situação no Oriente Médio ou da indefinição da questão fiscal no Brasil.