O dólar à vista opera em queda no início da tarde desta quarta-feira, 2, após abrir na estabilidade durante a manhã, conforme os investidores monitoravam as discussões comerciais dos Estados Unidos com parceiros antes do prazo para o fim da trégua comercial e aguardavam novidades sobre o impasse em torno do decreto do governo sobre o IOF.

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Às 13h54, o dólar à vista subia 0,51%, a R$ 5,428 na venda.

Na terça-feira, o dólar à vista fechou com alta de 0,48%, a R$ 5,4610.

O Ibovespa também recuava nesta quarta-feira, chegando a trabalhar abaixo dos 139 mil pontos durante a manhã, após flertar com os 140 mil pontos na abertura da sessão, conforme a piora das ações dos bancos prevalecia sobre o desempenho robusto de papéis de mineração e siderurgia.

Por volta de 13h55, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,24%, a 139.167,47 pontos, após marcar 140.048,83 pontos — perto do topo histórico de 140.381,93 pontos. Na mínima, foi a 138.383,54 pontos.

A mudança de sinal do Ibovespa refletiu principalmente o enfraquecimento das ações de empresas atreladas à economia doméstica, com agentes também ainda receosos com a capacidade do governo de avançar com uma agenda fiscal.

“O governo foi ao STF tentar recuperar o IOF, elevando a temperatura institucional. O embate com o Congresso entra numa nova fase — e o investidor sente o cheiro de incerteza no ar”, observou a equipe da Genial Investimentos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira em entrevista à TV Bahia, afiliada da TV Globo, que não havia outra saída que não judicializar a questão do Imposto sobre Operações Financeiras.

Ele afirmou que teve de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do decreto presidencial do IOF pelo Congresso para poder governar.

No exterior, a sessão era de alta de commodities como o minério de ferro e o petróleo, enquanto Wall Street não tinha uma direção única, com dados da ADP sobre mercado de trabalho ocupando as atenções.

Incerteza nos EUA

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a força do dólar no exterior, uma vez que os agentes demonstravam cautela com a aproximação do prazo de 9 de julho para que os países fechem acordos comerciais com os EUA a fim de evitar a imposição de tarifas mais altas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, indicou na véspera que não deve estender esse prazo e continuou a expressar dúvidas de que um acordo pudesse ser alcançado com o Japão, um dos principais parceiros comerciais de Washington.

As incertezas sobre o panorama do comércio global para a próxima semana afastava o apetite por moedas mais arriscadas no pregão, favorecendo o dólar ante pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

“A incerteza em relação à política comercial dos EUA — como é que vai ficar depois de 9 de julho, quais vão ser as tarifas — tende a aumentar a aversão a risco dos investidores globalmente, o que favorece o desempenho de ativos considerados seguros”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Em um outro fator positivo para a divisa dos EUA, operadores têm reduzido um pouco suas apostas recentes em cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, depois que o chair Jerome Powell reiterou na terça que o banco central aguarda os impactos das tarifas para determinar a trajetória da política monetária.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,46%, a 97,083.

As atenções se voltarão na quinta-feira para a divulgação do relatório de emprego dos EUA para junho, com os mercados em busca de mais sinais sobre o espaço que o Fed terá para reduzir os juros.

“A ideia de que o mercado de trabalho possa estar se enfraquecendo mais rápido que o esperado tende a abrir espaço para cortes de juros pelo Fed, porque reduz as pressões inflacionárias”, afirmou Mattos.

Cenário doméstico e o dólar

Na cena doméstica, o mercado nacional ainda deve continuar repercutindo a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) de ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para defender o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que elevava alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Novos desenrolares sobre a questão podem influenciar as negociações ao longo do dia.

Mais tarde, investidores vão acompanhar a participação do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, na 17° Conferência de Equity do Citi Brasil, em São Paulo, às 12h30.

Na frente de dados domésticos, a indústria brasileira registrou queda em maio pelo segundo mês seguido. Números do IBGE mostraram que a produção industrial contraiu 0,5% na comparação com o mês anterior e avançou 3,3% ante o mesmo mês de 2024.