O Ibovespa tem queda e o dólar avança ante o real nesta quinta-feira, 10. Investidores ainda repercutem a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de pausar algumas de suas tarifas de importação, que veio acompanhada de nova escalada nas tensões comerciais com a China.

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Às 14h56, o dólar à vista subia 1,39%, a R$ 5,911 na venda. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira caía 1,59%, negociado a 125.759,29 pontos.

Em Wall Street, os principais índices abriram em baixa nesta quinta-feira, depois dos fortes ganhos na véspera. O Dow Jones caía 1,51% na abertura, para 39.996,93 pontos. O S&P 500 abriu em baixa de 1,90%, a 5.353,15 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 2,86%, para 16.635,454 pontos na abertura.

As tarifas de Trump

Na quarta-feira, 9, Trump pausou as tarifas impostas sobre uma série de países para permitir negociações, mantendo em vigor uma taxa universal de 10% sobre a maioria das importações dos EUA.

Desde que Trump apresentou as tarifas na semana passada, houve sessões consecutivas com grandes perdas nos mercados devido ao temor do impacto econômico das medidas comerciais. Com o recuo do presidente dos EUA, investidores aproveitam a pausa para retomar suas posições, elevando ativos de maior risco.

O dólar à vista, por exemplo fechou em baixa de 2,53%, a R$5,8467, na véspera, cerca de 25 centavos abaixo da máxima do dia, a R$6,0973 (+1,65%), que foi atingida antes do anúncio de Trump.

Nesta quinta, no entanto, prevalecia um sentimento maior de cautela no mercado nacional, uma vez que ainda existe preocupação com as consequências da escalada da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Embate entre EUA e China

Junto da pausa em algumas tarifas, Trump ainda afirmou que estava aumentando a taxa sobre os produtos chineses para 125%, em resposta à imposição por Pequim de tarifa de 84% sobre as mercadorias dos EUA.

A decisão da China veio como retaliação a uma imposição de tarifa anterior dos EUA. Na semana passada, Trump disse que colocaria taxa de 54% sobre o país asiático, levando a China a anunciar uma tarifa de 34% sobre os produtos norte-americanos.

Em seguida, os EUA impuseram taxa de 104% sobre os produtos chineses, provocando a tarifa retaliatória de 84%.

Como fica o Brasil?

A China e os EUA são os dois maiores parceiros comerciais do Brasil.

“Há uma percepção generalizada de que a situação melhorou. Mas ainda há reticência especificamente em relação à China, que ainda é o único ponto de intransigência do Trump. É um movimento entre a cautela exarcebada e algum alívio”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

A pouca volatilidade do real contrastava com a forte queda da divisa norte-americana no exterior, que era afetada pelas baixas nos rendimentos dos Treasuries e pela busca de ativos de maior risco após a pausa nas tarifas de Trump.

Ainda na cena doméstica, o IBGE informou que o setor de serviços brasileiro voltou a crescer em fevereiro e registrou um desempenho melhor do que o esperado diante da força do setor de informação e comunicação.

Inflação nos EUA e o dólar

Os investidores também reagiam aos dados de inflação ao consumidor nos EUA, que registraram números abaixo do esperado tanto para o índice geral quanto para o núcleo.

Em março, o índice de preços ao consumidor dos EUA caiu 0,1% em relação ao mês anterior, de alta de 0,2% em fevereiro e abaixo da projeção em pesquisa da Reuters de ganho de 0,1%. O núcleo do índice passou a subir 0,1%, abaixo da previsão de alta de 0,3%.

Operadores aumentaram suas apostas em cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, projetando 1 ponto percentual de afrouxamento até o fim deste ano, contra previsão de 0,75 ponto na quarta, o que também ajudava a derrubar o dólar no exterior.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 1,29%, a 101,620.