O dólar à vista subia ante o real nesta quinta-feira, 22, recuperando as perdas da sessão anterior em uma sessão mais negativa para moedas emergentes. Investidores nacionais também se posicionam para a divulgação do relatório de receitas e despesas do governo federal.

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Às 9h32, o dólar à vista subia 0,47%, a R$5,6678 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,42%, a R$5,681 na venda.

Dólar avança sobre moedas de emergentes

Os movimentos do real tinham como pano de fundo a fraqueza de divisas emergentes no exterior, com a moeda norte-americana avançando sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

Pesavam sobre os ativos emergentes as fortes quedas dos preços do petróleo no pregão, com perdas de quase 2%, após relatos de que a Opep+ está discutindo o aumento da produção do combustível para julho, elevando temores de que a alta da oferta possa exceder a demanda.

As moedas emergentes tendem a ficar pressionadas com as quedas do petróleo, uma vez que muitos desses países, como o Brasil, dependem economicamente da exportação da commodity.

Os mercados reagiam ainda à aprovação pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos do projeto de lei de cortes de impostos do presidente Donald Trump.

Os agentes financeiros temem que o projeto possa aumentar ainda mais a dívida do governo federal, com os receios fiscais crescendo desde que a Moody’s rebaixou a nota de crédito dos EUA na semana passada.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,14%, a 99,732.

Atenção ao déficit no Brasil

Os investidores nacionais também pareciam estar se posicionando de forma defensiva antes do Relatório de Receitas e Despesas Primárias do segundo bimestre, que será divulgado pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento às 14h30. No documento, o governo avalia eventuais descasamentos na execução do Orçamento do ano e pode indicar a necessidade de contingenciamento ou bloqueio de despesas para assegurar o cumprimento da meta fiscal e do limite de gastos.

Uma coletiva de imprensa sobre o relatório, com a presença do ministro Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, ocorrerá às 15h.

O mercado tem retomado algumas de suas preocupações com o cenário fiscal brasileiros nos últimos dias, principalmente na esteira de relatos de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode anunciar medidas expansionistas para tentar reverter a queda de sua popularidade.

“As incertezas fiscais internas, principalmente em torno do relatório de receitas e despesas, acaba limitando espaço para a valorização da moeda brasileira”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.